Seu detergente está entre os lotes com contaminação biológica? Entenda se há riscos

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por O Diretório
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Na última terça-feira, 7, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a suspensão da comercialização, da distribuição e do uso de diversos lotes do detergente Ypê, da empresa Química Amparo. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, foi tomada em decorrência de uma “contaminação microbiológica”.

Em nota, a fabricante afirmou que foi verificada, em alguns lotes específicos, “a possibilidade de descaracterização em seu odor tradicional, sem qualquer risco à saúde ou segurança do consumidor, embora seja perceptível ao olfato em alguns casos”. A Química Amparo destacou, ainda, que não há proibição de comercialização do produto, e sim o bloqueio e recolhimento exclusivamente dos lotes indicados.

Anvisa afirma que recolhimento voluntário dos produtos específicos já foi iniciado pela fabricante Foto: Edson Souza – stock.adobe.com

Ao Estadão, a Anvisa afirmou que o recolhimento voluntário dos produtos, que é aquele motivado após a própria empresa detectar o desvio de qualidade, já foi iniciado pela fabricante do detergente. Além disso, o órgão regulador informou que a contaminação foi identificada em todas as versões dos detergentes Ypê Clear Care, Coco, Capim Limão, Limão, Maçã e Neutro, fabricadas nos meses de julho, agosto, setembro, novembro e dezembro de 2002, com lotes finalizados por 1 ou 3.

Veja aqui mais detalhes sobre os lotes que não devem ser distribuídos, comercializados ou usados.

O que é a contaminação microbiológica?

O consultor de microbiologia e infectologia do Grupo Fleury, Matias Chiarastelli Salomão, explica que todos os produtos, sejam eles químicos ou alimentícios, possuem padrões específicos de controle de qualidade. Por exemplo: no caso da água, são definidos limites máximos para a quantidade de bactérias permitida antes que seja considerada imprópria para consumo humano. Da mesma forma, detergentes e produtos similares são submetidos a testes com critérios específicos para determinar sua pureza e ausência de contaminação.

Portanto, quando falamos de contaminação microbiológica, estamos nos referindo à detecção de micro-organismos em quantidades superiores às permitidas na regulamentação, ou mesmo à presença de uma espécie específica que não deveria estar presente no produto.

Essa situação pode ocorrer devido a uma variedade de fatores, que vão desde condições inadequadas de armazenamento até falhas nos processos de fabricação.

Quais os riscos de uma contaminação microbiológica?

Embora estejamos mais familiarizados com casos de contaminação microbiológica em água e alimentos, a professora do curso de Biomedicina da Universidade Positivo, Luisa Ferreira Cruz, destaca que é importante reconhecer que a presença de micro-organismos em produtos de limpeza, como detergentes, também podem causar riscos, dependendo do tipo e da quantidade de bactérias.

Por exemplo: ao utilizarmos um detergente contaminado para lavar pratos ou utensílios de cozinha, consequentemente transferimos os micro-organismos para esses objetos. Posteriormente, durante o preparo ou consumo de alimentos, esses micro-organismos podem ser transferidos novamente, aumentando o risco de intoxicações alimentares ou infecções gastrointestinais, que podem se manifestar por meio de sintomas como diarreia, vômitos e febre.

Outra preocupação é de que o contato direto da pele ou das mucosas com um detergente contaminado pode acabar desencadeando desde irritações e alergias até infecções cutâneas.

É importante destacar que a sensibilidade à contaminação microbiológica pode variar entre as pessoas. “Aquelas com sistemas imunológicos comprometidos, como idosos, crianças e indivíduos com condições médicas crônicas, são particularmente mais suscetíveis a esse tipo de contaminação”, afirma a especialista.

“Usei um dos detergentes que foram suspensos: corro risco?”

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Apesar dos potenciais riscos, Salomão ressalta que, no caso específico do detergente Ypê, é importante considerar que, até o momento, a justificativa principal para a suspensão do produto é a presença de bactérias que causaram a alteração de odor. Ou seja, não há evidências de que a contaminação microbiológica esteja associada, nesse caso, à presença de bactérias patogênicas – micro-organismos que têm o potencial de desencadear infecções, reações alérgicas ou distúrbios gastrointestinais.

Isso significa que, dependendo da quantidade e do tipo de bactérias, a contaminação biológica pode desencadear apenas descaracterização do produto, como alteração da cor e do cheiro.

“Agora, se eventualmente for decretado que esses produtos podem causar algum risco, o principal deles seria a contaminação dos alimentos, resultando em problemas gastrointestinais. Porém, como dito, a empresa não comunicou a presença de qualquer agente patogênico”, ressalta o especialista.

Fonte: Externa

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