Sete bancos centrais vão juntar-se a instituições do setor privado para testar a utilização de dinheiro “tokenizado” num livro digital para transações internacionais mais rápidas e baratas, o que poderá marcar um passo em direção a um novo sistema de liquidação.
O japonês Mitsubishi UFJ Financial Group informou que está “considerando positivamente” a participação, enquanto o Sumitomo Mitsui Financial Group e o Mizuho Financial Group disseram que avaliarão se vão aderir após confirmar os detalhes. Nos Estados Unidos, credores como o Citigroup foram mencionados como possíveis candidatos.
O projeto surge num momento de corrida global para tomar a iniciativa em relação às moedas digitais do banco central (CBDCs). A China conduziu testes em larga escala de um yuan digital que incluíram o público em geral.
“Este teste tem uma composição regional equilibrada com a Ásia, os Estados Unidos e a Europa”, disse uma fonte da indústria financeira. “Será posicionado como um contrapeso à China.”
Grande parte das transações transfronteiriças do mundo depende hoje da rede de mensagens Swift. O dinheiro é transferido do remetente para o destinatário através de bancos correspondentes, um processo que pode levar até uma semana em alguns casos, além de gerar taxas. Uma análise do Banco do Japão estimou que o custo médio do envio de US$ 200 para o exterior através de bancos foi de quase 20% entre 2013 e 2019.
Com o comércio global anual ultrapassando os US$ 30 trilhões, estes custos, em tempo e dinheiro, criam um estrangulamento ao comércio.
O projeto do BIS vai explorar o uso de dinheiro tokenizado do banco central para pagamentos internacionais, com o objetivo de desenvolver uma plataforma alternativa. O BIS assume nesse caso todas as funções atualmente divididas entre o Swift e os bancos correspondentes.
O prazo e outros detalhes ainda não foram finalizados, mas uma fonte disse que poderá ser usada a tecnologia blockchain.
Enviar dinheiro instantaneamente, usando um blockchain ou outra tecnologia contábil para vincular cada transferência individual aos dados de sua fonte, tornaria mais fácil para empresas e bancos rastrear dinheiro, bem como ter informações em um só lugar.
Também reduziria os riscos criados por longos períodos de transação, tais como a possibilidade de um pagador ir à falência antes de os fundos serem recebidos. Os CBDCs também poderiam combater abusos como a lavagem de dinheiro, que ganharam novos caminhos com o advento das criptomoedas.
Um representante do BIS disse aos repórteres na quarta-feira que o projeto poderia ser uma virada de jogo para resolver os desafios da atual rede de pagamentos.
O BIS trabalhou em projetos experimentais envolvendo CBDCs. Um desses testes com os bancos centrais de Hong Kong e da Tailândia reduziu o prazo de pagamento de dias para segundos, segundo a organização. O objetivo do novo projeto é um sistema que possa liquidar até mesmo grandes pagamentos comerciais imediatamente e a qualquer momento.