Com a retomada cada vez mais consistente do trabalho presencial, as redes de minimercados, que cresceram com força em condomínios residenciais, agora querem ganhar escala nos diversos estabelecimentos comerciais espalhados pelo país.
À medida que o trabalho remoto perde força, os estabelecimentos comerciais voltaram a ser mais atrativos para as operadoras, avalia Bentes.
Sandro Wuicik, cofundador e diretor de expansão do Market4u, afirma que, atualmente, a maior parte da procura vem de estabelecimentos comerciais, em especial escritórios. Segundo ele, isso parte de uma necessidade das empresas de tornarem o ambiente de trabalho mais útil e atrativo para os colaboradores.
Com sede em Curitiba, a empresa possui cerca de 2.150 lojas franqueadas em mais de 150 cidades do país. Dessas, apenas 10% são em empresas, mas Wuicik acredita que esse jogo vai virar.
“Tem mais empresas com mais de 100 funcionários do que condomínios com mais 100 moradores”, afirma. Esse é um dos critérios utilizados pela empresa para considerar um cliente.
O mercado residencial continuará crescendo, pondera o executivo, mas, no futuro, as empresas serão mais representativas. Até 2028, a Market4u espera alcançar 50 mil lojas. “Dessas, acredito que 80% serão em empresas e 20% em condomínios”.
Através de pontos licenciados, a SmartStore também quer aumentar sua presença nesse segmento. Para este ano, a rede almeja abrir 400 novas lojas, sendo 20 em estabelecimentos comerciais, incluindo escritórios, hotéis e shoppings centers. Atualmente, a empresa possui 1.600 pontos licenciados em 200 cidades do país.
Oberdan Siqueira, diretor de expansão da SmartStore, afirma que o mercado de condomínios já está maduro, e a oportunidade de crescimento mais robusta nesse momento está no segmento comercial. Para isso, a empresa prevê um investimento de R$ 1 milhão com marketing, desenvolvimento de sistemas, feiras, eventos, expansão e novos negócios. A expectativa também é dobrar o faturamento, saindo de R$ 150 milhões no ano passado para R$ 300 milhões.
O economista Fábio Bentes explica que o crescimento expressivo projetado pelas redes não é comum, mas pode ser factível. “Geralmente isso ocorre quando uma empresa explora a oportunidade de forma rápida e consegue colocar em prática a operação”, afirma.
Com um modelo de lojas próprias, a Smart Break nasceu com o objetivo de substituir as vending machines (máquinas de venda automática) dentro das empresas, mas na pandemia virou o foco, conta Felipe Figueiredo, líder de marketing. Em 2021, o grupo recebeu um aporte de R$ 36 milhões de um fundo gerido pela XP Asset para acelerar o crescimento.
Atualmente são cerca de 500 pontos em São Paulo capital e na região metropolitana, a maioria em condomínios residenciais. Para este ano, a rede pretende abrir cerca de 200 novas lojas, e projeta que cerca de 40% estejam em estabelecimentos comerciais, incluindo escritórios, hotéis e faculdades.
O número de minimercados autônomos explodiu pouco depois da pandemia. Segundo levantamento feito pela CNC com dados do Ministério do Trabalho, de 2021 para 2022 houve um aumento de quase 90%, saindo de 6.020 para 11.400 pontos. Até dezembro do ano passado, eram mais de 131 mil em todo país.
Diante do sucesso, muitas empresas foram abertas, criando um mercado extremamente pulverizado e competitivo. Os empresários avaliam que com o tempo o setor vai inevitavelmente caminhar para consolidações.
A própria Market4u já realizou aquisições nos últimos anos, como a Numenu, e não descarta novos negócios. A Smart Break também afirma que está sempre avaliando oportunidades no setor. “Tudo depende de novas rodadas de captação”, afirma o CEO, Rodrigo Colas.