Região de São Paulo vive surto de coqueluche, diz presidente de entidade médica; conheça a doença

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por O Diretório
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Desde o início do ano, foram registrados 14 casos de coqueluche na cidade de São Paulo, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) atualizados na última sexta-feira, 12. Destes, três ocorreram na zona oeste da capital, em um mesmo domicílio, de acordo com a SMS, indicando que a região está passando por um surto da doença, segundo a pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A especialista explica que, de acordo com o Ministério da Saúde, um surto corresponde a uma situação em que há aumento acima do esperado do número de casos de uma doença em uma área ou entre um grupo específico de pessoas, em determinado período. “Se fossem três casos na cidade inteira, em regiões diferentes, não seria um surto. Mas, como são todos na zona oeste, a situação é outra”, pontua.

Apesar de o surto se concentrar na zona oeste, pode-se dizer que a cidade de São Paulo de maneira geral passa por um período de alta nos casos da doença. Isso porque o número de casos registrados em 2024 (ou seja, 14), é o maior registrado em um ano na cidade de São Paulo desde 2019, quando foram contabilizadas 19 ocorrências. Em todo ano de 2023, foram registrados oito casos e, em 2022, apenas um. Neste ano, nenhuma morte aconteceu. O último óbito registrado na cidade foi em 2019.

A coqueluche também é conhecida como “tosse comprida” e afeta principalmente bebês com até um ano de idade. Foto: Louis-Photo/Adobe Stock

Segundo a especialista, é possível que esse aumento no número de casos seja resultado de variações normais em relação a períodos de circulação da doença.

De qualquer forma, Mônica ressalta que esse aumento de casos deve acender um alerta a respeito da necessidade de vigilância em relação à doença, tanto para serviços de saúde como para pacientes. “Devemos ficar de olho nos sintomas e procurar um posto de saúde o quanto antes. Além disso, é preciso que o monitoramento em relação à coqueluche seja feito de forma mais rígida a partir de agora”, destaca.

O que é a coqueluche?

É uma doença provocada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta principalmente as vias respiratórias. Devido a essa característica, ela é transmitida pelo contato com secreções contaminadas, essencialmente através de tosse, fala ou espirro.

Quais os sintomas da coqueluche?

Também conhecida como “tosse comprida”, o principal sintoma da coqueluche é a tosse seca, que, nos casos mais graves, pode durar semanas ou até meses.

De forma geral, o Ministério da Saúde categoriza os sintomas da doença em três níveis de acordo com a gravidade do quadro. No primeiro nível, os sintomas são mais leves e costumam ser semelhantes aos de um resfriado, como mal-estar, nariz escorrendo, tosse seca e febre baixa. No níveis mais complicados, a doença é caracterizada principalmente pela piora da tosse, que pode se tornar tão intensa a ponto de comprometer a respiração, provocar vômitos ou cansaço extremo.

A coqueluche é uma doença grave?

A coqueluche pode causar pneumonia, convulsões, comprometimento do sistema nervoso e até a morte. A maioria dos casos graves acomete crianças menores de um 1 ano de idade, principalmente as com até 6 meses de vida, de acordo com a SBIm.

De acordo com Mônica, os idosos e pacientes com doenças crônicas que afetam o pulmão também têm risco elevado de apresentar complicações em decorrência da doença.

Os adultos podem ter coqueluche, mas normalmente são assintomáticos ou apresentam sintomas leves. Isso não quer dizer, porém, que eles não devam ser vacinados, destaca a presidente da SBIm. “São os adultos que mais passam a doença para os bebês e, por isso, todos devem estar com o esquema vacinal em dia”, orienta.

Qual o tratamento?

Como se trata de uma doença causada por uma bactéria, o tratamento consiste essencialmente no uso de antibióticos, de acordo com o Ministério da Saúde.

É possível prevenir a coqueluche?

A vacinação é a principal estratégia de prevenção contra a coqueluche.

Os bebês, principal grupo de risco da doença, devem tomar a vacina pentavalente, que protege contra o tétano, a difteria, a hepatite B, a coqueluche e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B. Esse imunizante é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O esquema vacinal é composto por três doses que devem ser tomadas aos dois, quatro e seis meses, além de duas outras doses de reforço que devem ser aplicadas aos 15 meses e aos quatro anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Apesar de ser recomendada para essas faixas etárias, ela está disponível no SUS para todas as crianças menores de sete anos.

Os adultos, em especial os que têm contato com crianças menores de um ano, também devem se vacinar contra a doença. Nesses casos, a indicação é a vacina tríplice acelular (dTpa), que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche e está disponível no SUS para profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da saúde que atuam em maternidades e unidades de internação neonatal, além das grávidas, que devem tomar o imunizante a partir das 20° semana de gestação. Trata-se de uma vacina de dose única, que, em geral, necessita de reforço a cada 10 anos.

Os adultos que não se enquadram nessas categorias também podem tomar a vacina contra a doença em clínicas e laboratórios privados. Inclusive, no particular, há ainda outras opções de imunização contra a doença para adultos e crianças, como a hexavalente, que protege contra seis doenças: pólio, difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae e hepatite B.

Fonte: Externa

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