Diversos estudos já mostraram que o horário em treinamos pode influenciar diretamente nos benefícios à saúde. Agora, um novo estudo, publicado no último dia 10, mostrou que existe um período ideal para pessoas com obesidade se exercitarem e obterem melhora da saúde cardiovascular.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, praticar atividade física à noite está associada a maiores benefícios para a saúde entre pessoas que vivem com obesidade. O estudo, publicado na revista científica Diabetes Care, acompanhou a trajetória de 30 mil pessoas ao longo de quase 8 anos.
Os pesquisadores usaram dados de dispositivos vestíveis, como smartwatches, para categorizar a atividade física dos participantes em manhã, tarde ou noite. O estudo mostrou que quem treina entre 18h e meia-noite tem um menor risco de morte prematura e morte por doença cardiovascular.
“Devido a uma série de fatores sociais complexos, cerca de dois em cada três australianos têm excesso de peso ou obesidade, o que os coloca em um risco muito maior de doenças cardiovasculares graves, como ataques cardíacos e derrames, e morte prematura”, afirma Angelo Sabag, palestrante em Fisiologia do Exercício pela Universidade de Sydney.
“O exercício não é de forma alguma a única solução para a crise da obesidade, mas a investigação sugere que as pessoas que conseguem encaixar a sua atividade em determinados momentos do dia podem compensar melhor alguns destes riscos para a saúde”, completa.
Os pesquisadores usaram dados do UK Biobank, um bando de dados do Reino Unido, e incluíram 29.836 adultos com mais de 40 anos que vivem com obesidade, dos quais 2.995 também foram diagnosticados com diabetes tipo 2.
Os participantes foram categorizados em grupos que realizavam atividades físicas pela manhã, tarde e noite com base em quando realizaram a maior parte dos exercícios aeróbicos, medidos por um acelerômetro de pulso usado continuamente por 24 horas diárias durante 7 dias no início do estudo.
A equipe, então, vinculou dados de saúde dos Serviços Nacionais de Saúde e dos Registros Nacionais da Escócia para acompanhar a trajetória de saúde dos participantes por 7,9 anos. Durante este período, foram registradas 1.425 mortes, 3.980 eventos cardiovasculares e 2.162 eventos de disfunção microvascular.
Para esse estudo, os pesquisadores se concentraram em monitorar a atividade aeróbica de intensidade moderada a vigorosa contínua em sessões de 3 minutos ou mais. Isso porque pesquisas anteriores mostraram uma forte conexão entre esse tipo de atividade e o controle da glicose e redução do risco de doenças cardiovasculares em comparação com sessões não aeróbicas mais curtas.
“Não discriminamos o tipo de atividade que rastreamos, pode ser qualquer coisa, desde caminhada rápida até subir escadas, mas também pode incluir exercícios estruturados, como corrida, trabalho ocupacional ou até mesmo limpeza vigorosa da casa”, disse o Matthew Ahmadi, pesquisador de pós-doutorado da National Heart Foundation no Charles Perkins Centre, da Universidade de Sydney, e primeiro autor conjunto do estudo.
As conclusões do estudo sugerem que pessoas que vivem com obesidade ou diabetes podem ser capazes de compensar o aumento da glicemia à noite ao praticar atividade física nesse período.