Plantas podem afastar o mosquito da dengue? Entenda limitação desta estratégia contra o Aedes aegypti

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por O Diretório
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Quando o assunto é dengue e plantas, o foco costuma ser sempre o mesmo: os pratinhos que acumulam água e permitem que o Aedes aegypti – transmissor da doença que já acumula mais de 3 milhões de casos em 2024 – se reproduza com facilidade.

Os especialistas explicam que sim, algumas plantas como a citronela têm compostos químicos que ajudam a afastar o Aedes, mas também listam três principais problemas desse tipo de repelente (veja mais detalhes abaixo):

Apesar do efeito repelente natural, os especialistas explicam que essa propriedade é limitada e muito inferior aos repelentes industrializados, com eficácia aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Rafael Maciel de Freitas, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), comenta que determinadas plantas que exalam um estímulo olfativo mais forte podem ser capazes de afastar o Aedes aegypti momentaneamente, mas o efeito não é duradouro.

Outro ponto importante é que a quantidade de plantas no ambiente, ainda que sejam de espécies com alguma propriedade repelente, não influencia na duração do efeito.

Maria Anice Sallum, professora do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, explica que as substâncias responsáveis por afastar o mosquito estão dentro dos tecidos das plantas e não ficam constantemente sendo dispersas no ambiente.

Ambos explicam que para ter uma eficácia maior, o ideal é que se extraia o óleo dessas plantas, processo que concentra e potencializa o efeito de repelência.

Além do efeito limitado que as plantas possuem como repelentes, seu uso inadequado pode trazer risco à saúde.

Rafael Freitas alerta que não há nenhuma evidência científica que comprove que esfregar essas plantas no corpo, por exemplo, aumente o efeito repelente e alerta para o perigo desse tipo de prática. “Além de não ajudar a afastar o mosquito, isso pode, inclusive, causar outros problemas, como urticárias e alguns tipos de alergia”, pontua.

A professora Maria Anice Sallum também comenta que, mesmo no caso dos óleos e extratos concentrados, é preciso ter cuidado.

Mesmo podendo contribuir localmente para afastar os mosquitos, as plantas não têm um efeito repelente bom o suficiente para serem efetivas no combate da epidemia.

Os especialistas explicam que o controle epidemiológico está, na realidade, muito mais atrelado a combater a reprodução acelerada do mosquito do que a matar a forma adulta do Aedes.

Para isso, reforçam os alertas para que as pessoas verifiquem, ao menos uma vez na semana, se há água parada nos pratinhos das plantas ou em outros possíveis criadouros dentro de casa.

Fonte: Externa

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