O Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva, ou seja, que afeta o funcionamento cerebral e se agrava com o passar do tempo. Ela é caracterizada pela diminuição da dopamina, neurotransmissor associado à realização de movimentos voluntários e à sensação de bem-estar.
No mundo, pelo menos 8,5 milhões de pessoas vivem com Parkinson – número que segue aumentando, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que pelo menos 200 mil indivíduos sejam afetados pela doença.
Apesar da sua alta incidência, ainda há muita desinformação a respeito do Parkinson. Por exemplo: esse quadro costuma ser associado a idosos, mas não está restrito a esse grupo. De acordo com a Parkinson Foundation, cerca de 4% dos pacientes são diagnosticados antes dos 50 anos.
Vale destacar que a predominância nos idosos é algo comum à maioria das doenças degenerativas. Segundo a neurocirurgiã Vanessa Milanese, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), isso ocorre devido a um aumento natural no risco de disfunções cerebrais com o passar dos anos.
Em relação aos sintomas do Parkinson, também há muitos estigmas. Por isso, abaixo, destacamos as principais manifestações da doença.
Sintomas motores
O sintoma mais conhecido da doença de Parkinson são os tremores. Estes, de acordo com a neurocirurgiã, geralmente iniciam nas mãos, mas podem aparecer também no queixo ou nas pernas. Além disso, segundo a especialista, eles costumam ser assimétricos, ou seja, menos intensos de um lado do corpo.
Ao contrário do que muitos podem pensar, contudo, há outros desdobramentos bastante comuns do Parkinson, segundo a especialista. Alguns deles são: movimentos involuntários, rigidez, lentidão, dificuldade de caminhar, falta de equilíbrio, entre outros.
Inclusive, a fisioterapeuta Érica Tardelli, presidente da Associação Brasil Parkinson (ABP), destaca que, via de regra, é possível realizar o diagnóstico da doença a partir da presença de dois desses fatores, como rigidez e lentidão.
Ainda segundo a fisioterapeuta, todos esses sintomas são motivados pela diminuição da produção de dopamina pelo cérebro, o que dificulta a realização de movimentos que até então eram automáticos, como andar e falar.
“Por isso, com o avanço da doença, muitas vezes orientamos os pacientes a não realizarem mais de uma atividade ao mesmo tempo, como comer e falar ou falar e andar, para evitar acidentes, como engasgos ou quedas”, descreve.
Sintomas não motores
Além das diversas repercussões motoras, o Parkinson está muito relacionado a sintomas não motores diversos. Isso acontece porque a dopamina também está ligada à produção de sensação de bem-estar. Logo, a sua diminuição, característica do quadro, tende a provocar alterações de humor, como tristeza e desânimo, que podem gerar quadros de depressão e ansiedade.
A neurocirurgiã Catarina Couras Lins, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), destaca ainda a ligação do Parkinson com outra doença neurodegenerativa frequente: a demência. De acordo com a especialista, isso ocorre porque a degeneração cerebral que causa o Parkinson pode evoluir para outras áreas do cérebro e contribuir para o declínio cognitivo de maneira mais ampla.
Vale destacar, contudo, que esse não é um dos desdobramentos mais frequentes do Parkinson.
O Parkinson pode provocar ainda prisão de ventre, de acordo com Érica. Segundo ela, os motivos por trás disso são incertos. “Há, contudo, teorias que falam da hipótese do processo que dá origem ao Parkinson se iniciar no intestino”, comenta.
Tem tratamento para o Parkinson?
Como até o momento não existe cura para o Parkinson, o tratamento é baseado na melhora dos sintomas. Nesse sentido, a OMS cita a levodopa/carbidopa, medicamento que estimula a produção de dopamina pelo organismo, como uma das principais alternativas.
Érica pontua, contudo, que essa medicação não tem a função de retardar o progresso da doença. Para isso, a especialista destaca a prática regular de exercícios físicos aeróbicos de moderada a alta intensidade como uma opção.
A especialista fala também sobre a importância de um tratamento multidisciplinar para a doença. Via de regra, esse tratamento é conduzido por um neurologista e um fisioterapeuta, mas muitas vezes dependendo dos sintomas é necessário o apoio de nutricionistas, fonoaudiólogos ou psicológos, por exemplo.