Maioria desconhece doenças da retina que podem levar à cegueira, indica pesquisa

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por O Diretório
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Uma pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) revelou que grande parte da população latino-americana desconhece doenças da retina bastante comuns. Segundo os dados, cerca de 66% afirma não conhecer a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que atinge pessoas conforme envelhecem, e 76% diz desconhecer a retinopatia diabética, que pode causar o Edema Macular Diabético (EMD), principal causa da perda de visão em pessoas com diabetes.

A análise foi encomendada pela farmacêutica multinacional alemã Bayer. No total, 8 mil pessoas do Brasil, Colômbia, Argentina e México foram ouvidas, 9% delas portadoras de diabetes. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo Flávio Mac Cord, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), os dados refletem uma realidade perceptível na prática clínica no Brasil. Para o especialista, isso acontece porque ambas são doenças que começam de forma silenciosa. “Os pacientes são muito atentos às questões que trazem um incômodo mais imediato, por exemplo uma doença de superfície ocular, como olho seco, ou doenças que geram dor”, comenta.

No entanto, nos casos de DMRI e EDM, o aparecimento de sintomas indica o avanço da condição. Quando o acompanhamento é periódico e o diagnóstico é feito precocemente, muitos dos danos à visão podem ser evitados.

Degeneração Macular Relacionada à Idade e retinopatia diabética podem levar a problemas graves de visão Foto: K Davis/peopleimages.com/Adobe Stock

Doenças da retina

Tanto a Degeneração Macular Relacionada à Idade quanto a retinopatia diabética são doenças que afetam a retina, uma camada que fica no fundo dos olhos, responsável por identificar a luz. Enquanto as estruturas da frente do globo ocular captam as imagens, a retina decodifica e envia a informação ao cérebro, que reconhece e interpreta o que foi visto.

Em pessoas com diabetes, os picos de açúcar no sangue fazem com que os vasos sanguíneos da retina fiquem debilitados, o que os torna mais propensos a lesões, causando a retinopatia diabética. Quando lesionados, eles podem ter derrames de sangue e de fluido. O Edema Macular Diabético (EDM) acontece nesses casos, após os vasos sanguíneos oculares absorverem líquido e ficarem inchados, o que pode causar a cegueira.

No geral, a retinopatia diabética afeta de 24% a 39% da população diabética no Brasil e está entre as principais causas de perda de visão em pessoas entre 20 e 75 anos.

Já a Degeneração Macular Relacionada à Idade tem como causa o envelhecimento e costuma atingir pessoas com mais de 50 anos – quanto maior a idade, maior sua prevalência. Em sua manifestação seca, que atinge 90% das pessoas com a doença, manchas amareladas conhecidas como drusas se formam no centro da retina, prejudicando a visão. Na forma úmida, que atinge apenas 10% dos indivíduos com a condição, há a formação de vasos sanguíneos anormais na retina. Eles podem extravasar líquido ou sangue e, assim, causar a cegueira.

No início de ambas as doenças, os pacientes podem ser assintomáticos. Mas conforme os danos à retina avançam, a visão se torna embaçada, distorcida e reduzida, atrapalhando a leitura e a identificação de rostos. “Quando surge líquido na retina, que são manifestações de uma forma geral semelhantes entre a DMRI e o EDM, o tratamento é feito por injeções com medicamentos antiangiogênicos aplicados dentro do vítreo, um gel que a gente tem dentro do olho”, explica Mac Cord.

A medicação inibe o crescimento de vasos sanguíneos, evitando a progressão das doenças da retina. Outra opção de tratamento é a aplicação de laser, que pode tanto recuperar alguma perda de visão, quanto evitar uma perda individual progressiva, segundo o especialista.

Diagnóstico precoce para prevenção

Embora os tratamentos para DMRI e retinopatia diabética estejam disponíveis no SUS, Mac Cord ressalta a importância da conscientização da população sobre as doenças, para que busquem prontamente o diagnóstico e as terapias de forma preventiva, não apenas para remediar os sintomas. Ele relembra que ambas as condições levam a perdas potencialmente irreversíveis da visão e começar a tratar antes das queixas do paciente aparecerem pode fazer com que ele nunca venha a ter qualquer dificuldade de enxergar.

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Para isso, o acompanhamento com oftalmologista é essencial. No Brasil, a indicação é de que pessoas a partir dos 40 anos busquem uma avaliação com o especialista anualmente. Nas consultas, o profissional consegue avaliar o fundo do olho e identificar se há alterações que indiquem DMRI, orientando a necessidade de acompanhar com mais frequência ou de iniciar um tratamento.

No caso da retinopatia diabética, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) orientam que pessoas com diabetes tipo 2 sejam encaminhadas para exame oftalmológico imediatamente após confirmarem o diagnóstico. A partir de então, o acompanhamento deve ser anual.

Entre aquelas que possuem a diabetes tipo 1, mais comum em jovens, a orientação é outra. Se não houver queixas, o paciente deve procurar um oftalmologista entre 3 e 5 anos após o diagnóstico de diabetes. Já as mulheres diabéticas que engravidam (não aquelas que ficam diabéticas durante a gestação) devem procurar um oftalmologista ainda no primeiro trimestre da gravidez, período em que a retinopatia diabética pode evoluir de maneira mais agressiva.

Os dados da pesquisa do Ipec encomendada pela Bayer indicam que isso não necessariamente acontece na prática nos países da América Latina. No total, apenas 44% dos participantes da análise que são diabéticos receberam encaminhamento para um oftalmologista.

Fernando Malerbi, coordenador do Departamento de Oftalmologia da SBD, ressalta a importância da conscientização também dos profissionais de saúde tanto nos cursos de formação quanto na atualização contínua. “Como Sociedade Brasileira de Diabetes, a gente estimula que os profissionais que estão envolvidos no cuidado da diabetes acessem a nossa diretriz, leiam e usem as informações que a gente reuniu ali para orientá-los na prática clínica”, finaliza.

Fonte: Externa

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