O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, durante sanção de projeto que institui o Sistema Nacional de Cultura no Brasil. Lula disse que, “no tempo da ignorância”, os artistas brasileiros eram tratados como “vagabundos”. Além disso, o presidente saiu em defesa da Lei Rouanet, política de fomento à cultura que é bastante criticada pelo segmento bolsonarista.
Diante de uma plateia de apoiadores e artistas, Lula pediu que seu eleitorado “reaja” e faça o debate para enfrentar as “fake news” e o “preconceito” produzidos pelos adversários.
“A gente tem que fazer um debate muito forte para lutarmos contra o preconceito. Não é possível que a gente não tenha coragem de enfrentar gente que inventa fake news todo dia. Se a gente não reage, vamos perder. Vamos lutar para termos uma cultura de verdade. A Lei Rouanet não é favor nenhum”, argumentou.
Em seguida, Lula disse que artistas negros costumam ter ainda mais dificuldades para conseguir incentivo financeiro por meio de empresas. “A Lei Rouanet não é favor. A Lei Rouanet não dá dinheiro a um cara. Ela aprova um projeto. O artista que tem um projeto aprovado vai ter que correr atrás de dinheiro. E vou contar uma coisa para você, se ele for negro e pobre da periferia, ninguém quer dar dinheiro para ele. As pessoas querem dar dinheiro para outro tipo de artista”, afirmou.
Neste sentido, o presidente defendeu que a Lei Rouanet pode ajudar o país a ter mais igualdade. “Se a gente não fizer isso [reagir], esse país vai ser apenas de uma classe social. Não queremos que este seja um país de brancos de olhos verdes”, emendou.
Lula lembrou ainda que a cultura representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e também gera empregos, assim como outros setores econômicos. “A cultura possibilita evolução, a cultura gera emprego. Tem muita gente achando que a cultura não gera emprego. Isso é uma coisa extraordinária. A cultura representa quase 3% do PIB nacional e a gente não sabe disso”, argumentou.
Por fim, Lula comparou o novo Sistema Nacional de Cultura com o SUS (Sistema Único de Saúde). “O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes e que tem um sistema de saúde universal. O problema é que o sistema é tão bom que só aparecia na mídia, antes da covid, quando tinha alguma desgraça. Falavam que o SUS não prestava, que tudo que era privado era melhor; mentira. Se não fosse o SUS, a gente teria milhões de pessoas mortas quando veio a covid. Os artistas brasileiros têm que ser tão fortes quanto as pessoas que trabalham no SUS”, concluiu.
A sanção do projeto aconteceu no Teatro Luiz Mendonça, localizado no Parque Dona Lindu, em Recife (PE). A ministra da Cultura, Margareth Menezes, o prefeito de Recife, João Campos, além de artistas, agentes culturais e gestores públicos também participaram do evento.