O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que “não há explicação jurídica e política” para o bloqueio de candidaturas de oposição na Venezuela, algo que ele considerou “grave”. Ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula disse ainda que o Brasil “não tomou lado” no conflito entre Rússia e Ucrânia para garantir alguma participação nas negociações para um acordo de paz.
“Não tem explicação jurídica e política de proibir um candidato. Aqui é proibido proibir, a não ser que tenha uma decisão judicial. Eu quero que as eleições na Venezuela sejam feitas como aqui no Brasil”, completou o brasileiro antes de receber o apoio de Macron.
“Eu apoio tudo que Lula disse sobre Venezuela”, disse o francês. “O marco que essas eleições [na Venezuela] estão a correr não podem ser democráticos. Espero que seja possível ter um novo marco reconstruído nos próximos meses. Não nos desesperemos, mas a situação é grave com os últimos acontecimentos”, disse o francês.
Antes, Macron já havia elogiado a decisão do governo brasileiro de emitir uma nota em que manifesta preocupação com os rumos da eleição na Venezuela. “Gostaria de saudar a sua a ação positiva, a iniciativa que ele teve nos últimos dias, com a qual concordamos, para encontrar uma saída para essa crise”.
Conselho de segurança da ONU
Lula também fez duras críticas aos países desenvolvidos e ao conselho de segurança das Nações Unidas e afirmou que seu governo continuará trabalhando para manter a América Latina uma região pacificada. Em cerimônia para receber Macron no Planalto, ele também celebrou os novos acordos entre Brasil e França.
De acordo com Lula, a paralisia do conselho de segurança diante dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza é “alarmante e inaceitável”. “As teses que questionam a obrigatoriedade de cessar-fogo corroem a credibilidade do conselho”, disse ele ao lado do presidente da França.
Lula também destacou que Brasil e França podem atuar como intermediadores para o diálogo entre as nações desenvolvidas e o chamado Sul Global. Segundo o presidente, os dois países trabalham em uma “visão compartilhada do mundo”, fundamentada na prioridade da “produção sobre a finança improdutiva, da democracia sobre o autoritarismo e da sustentabilidade sobre a exploração predatória”.
O crescimento do comércio entre Brasil e França, atualmente em US$ 8 bilhões anuais, e a expansão dos investimentos franceses por aqui, sobretudo em projetos do PAC e da nova política industrial, também fizeram parte da conversa, de acordo com Lula.