Os juros futuros fecharam o pregão desta sexta-feira (19) em queda ao longo de toda a estrutura a termo da curva, em um movimento de ajuste de posições após a alta expressiva acumulada pelas taxas ao longo dos últimos dias.
No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 recuou de 10,425% do ajuste anterior para 10,355%; a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,735% para 10,525%; a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,02% para 10,80%; e a do DI para janeiro de 2029 cedeu de 11,405% para 11,225%. Nos EUA, o juro da T-note de 10 anos caiu de 4,631% para 4,626%.
O alívio, ainda que parcial, nas taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) abriu espaço para um fechamento mais sustentado dos juros locais hoje. Segundo um profissional de mercado, o movimento de acionamento das ordens de “stop loss” (perdas máximas toleradas) — fator que foi amplamente testemunhado ao longo da semana — parece ter arrefecido nesta sexta, contribuindo para uma dinâmica mais saudável do pregão. “Parece que o grosso do stop já passou”, aponta um gestor de renda fixa.
Segundo essa fonte, os rumores de que a Petrobras irá pagar a totalidade dos dividendos extraordinários também contribuíram para o recuo das taxas mais longas de juros. “Na parte longa, tem um pouco dos rumores de que a Petrobras vai pagar 100% dos dividendos. Ajuda o câmbio, ajuda a curva longa e o miolo da curva também”, afirma.
Agentes, no entanto, seguem monitorando a trajetória para a política monetária do Brasil, após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ter abandonado o “forward guidance” de cortes de juros de 0,5 p.p. na reunião de maio, que foi dado na comunicação após a última decisão do Copom.
Na visão do operador de renda fixa de uma grande instituição financeira, o cenário continua bastante incerto, à medida que o Banco Central deixou a porta aberta para qualquer desfecho na próxima decisão do Copom. “O que importa é como o mercado se comportará até lá. Com isso em mente, acredito que um aspecto importante a ser observado é o real, que, hoje, teve um desempenho muito bom, levando as taxas locais para o mesmo caminho”, afirma.
Essa fonte afirma que, na próxima semana, caso o IPCA-15 de abril repita a leitura positiva do mês anterior, o caminho pode ser aberto para uma queda firme nas taxas locais e para a retomada de um cenário de cortes de juros de 0,5 p.p. para a próxima decisão do Copom.