A escalada do conflito entre Irã e Israel forçará os comerciantes globais de petróleo a reavaliarem o prêmio de risco geopolítico que será preciso aplicar num mercado em que os rigorosos fundamentos da oferta e da procura já levaram os preços acima dos US$ 90 por barril, dizem analistas.
O ataque do Irã a Israel marca uma escalada distinta nas hostilidades, colocando as duas nações em conflito direto, em vez das usuais “batalhas por procuração”. O Irã afirma que o seu ataque, feito em retaliação ao bombardeio da sua embaixada na Síria, “concluiu” a fase de agressão, mas Israel reservou-se o direito de contra-atacar – embora não de imediato.
“O preço do petróleo poderá disparar na abertura, já que esta é a primeira vez que o Irã ataca Israel a partir do seu território”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS Group AG. “Quanto tempo durará qualquer recuperação também dependerá da resposta israelense.” As negociações serão reabertas ainda neste domingo, às 18h de Nova York (19h no horário de Brasília).
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O risco de um ataque direto do Irã a Israel já estava, pelo menos parcialmente, previsto – o petróleo de referência Brent, que subiu 17% até agora este ano, ultrapassou os US$ 90 por barril após o ataque à embaixada do Irã.
Mas depois da resposta enérgica do Irã, o mercado deverá aumentar o foco sobre os fluxos através do Estreito de Ormuz, um ponto de estrangulamento fundamental para cerca de um quinto da oferta mundial de petróleo. A tensão sobre potenciais interrupções poderá aumentar o prêmio de risco do petróleo, com possíveis picos no caso de quaisquer ataques a petroleiros.
No sábado (13), as forças iranianas apreenderam um navio porta-contêineres perto do estreito que estaria ligado a Israel. Um dos aliados do Irã na região, os Houthis do Iêmen, já causaram estragos na indústria naval ao atacar navios no Mar Vermelho, algo que não afetou o fornecimento de petróleo, mas aumentou os custos de frete e impulsionou a procura da commodity, à medida que a frota global é forçada a fazer viagens mais longas.
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O preço do petróleo, que já inclui um prêmio de risco de cerca de US$ 10 por barril, deverá subir, de acordo com Iman Nasseri, gestor para o Médio Oriente da consultoria FGE. A commodity pode avançar outros US$ 2 a US$ 5 por barril devido à preocupação com novas represálias israelenses ou interferência iraniana no transporte marítimo ao redor do Golfo Pérsico, disse ele.
A maior tensão no Oriente Médio está acrescendo um prêmio de risco a um mercado onde a procura, que já é robusta, se mistura com uma política de produção disciplinada da OPEP+ para reduzir as reservas globais e aumentar os preços.
O Grupo Vitol, o maior comerciante de petróleo do mundo, disse na semana passada que o crescimento da procura deverá superar a maioria das previsões este ano. Enquanto isso, Seb Barrack, chefe de commodities do fundo de hedge Citadel, disse esperar que o mercado de petróleo fique “extremamente apertado” ainda este ano.
“Os mercados de energia começarão a integrar mais seriamente a ameaça da expansão do conflito e uma espiral de erros de cálculo”, disse Ayham Kamel, chefe da consultoria de risco Eurasia Group para o Médio Oriente e Norte de África.
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