A desaceleração do Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) entre fevereiro e março é uma boa notícia, mas a aceleração em 12 meses mostra que ainda há certa resiliência nos preços dos serviços de locação. A afirmação é de André Braz, coordenador de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) e responsável pelo evento.
O economista ressalta que a inflação média dos IPCs e do IPCA acumulada em 12 meses está abaixo dos 4%. Segundo ele, apesar de subir “a passos de passarinho”, o Ivar em 12 meses pressiona os preços dos serviços, mantendo um alerta no Banco Central sobre a resiliência desses preços livres.
Braz explica que os juros altos acabam aumentando a demanda por aluguéis, uma vez que o financiamento imobiliário fica mais caro, o que, por sua vez, inibe a compra de imóveis. O economista frisa que o serviço de locação tem peso de 10% dentro da inflação dos serviços. Como os serviços livres comprometem, em média, 30% do orçamento familiar, o aluguel compromete 3% na média. “A taxa em 12 meses não para de subir. Pode até parar de subir [no futuro], mas, ao se manter acima da média de inflação, indica resistência de preços nos serviços”, diz Braz.
Entre fevereiro e março, o Ivar registrou aceleração no Rio de Janeiro, saltando de 3,63% para 5,00%. Por outro lado, houve desaceleração em São Paulo, de 2,95% para 0,64%, e Belo Horizonte, de 6,41% para 3,75%. Porto Alegre apresentou uma deflação menor, de -3,90% para -2,08%.
A taxa interanual do aluguel residencial apresentou desaceleração em três das quatro cidades analisadas. Em Belo Horizonte, a taxa anual passou de 11,01% para 9,94%, refletindo uma moderação no ritmo de aumento dos aluguéis. Em Porto Alegre, a taxa de variação anual recuou de 8,36% para 7,91%, enquanto em São Paulo, a taxa anual teve uma leve desaceleração, passando de 6,61% para 6,50%, indicando uma tendência de estabilização no crescimento dos preços de aluguel nessas regiões.
O IVAR foi criado para medir a evolução dos aluguéis residenciais no Brasil, utilizando como referência os valores mensais em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.