A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República informou nesta sexta-feira (14) que decidiu suspender novas campanhas de publicidade com a rede social X, antigo Twitter.
No entanto, afirmou que, a partir de agora, não há previsão de novas campanhas na plataforma.
A situação tem como pano de fundo as desavenças entre o dono do X, Elon Musk, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nas redes sociais.
O bilionário utilizou sua plataforma para atacar Moraes e ameaçar reativar contas desativadas em processos movidos pelo tribunal.
Uma portaria de fevereiro de 2024 prevê que o governo observe publicidade na internet no sentido de mitigar riscos à imagem das instituições do Poder Executivo.
Segundo fontes ouvidas pelo g1, investir ou não em uma mídia é uma estratégia de campanha, diferentemente do que acontece com a TV e com o rádio que se deve observar a audiência. Portanto, é uma decisão que não precisa de um ato.
Nos últimos dias, sem citar Musk, Lula deu algumas declarações que foram interpretadas como indiretas ao dono do X.
Em uma das falas, nesta quarta-feira (10), o presidente brasileiro afirmou que o crescimento do extremismo abre espaço para que “empresário americano, que nunca produziu um pé de capim desse país, ouse falar mal da Corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro”.
Um dia antes, na terça (9), Lula já tinha dito que “bilionário tentando fazer foguete” vai ter “que usar muito do dinheiro que tem para ajudar a preservar” o planeta Terra. A SpaceX, de Musk, tem lançado veículos espaciais tripulados.
Desde o último domingo (7), Elon Musk vem atacando Alexandre de Moraes e ameaçando reativar perfis de usuários bloqueados na rede social X pela Justiça brasileira no âmbito de dois inquéritos que Moraes é relator no STF:
- o das milícias digitais: que investiga ações orquestradas nas redes para disseminar informações falsas e discurso de ódio, com o objetivo de minar as instituições e a democracia.
- o do 8 de janeiro: que investiga a tentativa de golpe no Brasil por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Por que você está exigindo tanta censura no Brasil?”, questionou Musk, em inglês.
No curso das apurações dos inquéritos, ao longo dos últimos anos, Moraes determinou que as redes sociais bloqueassem a conta de alguns investigados. De acordo com o ministro, eles usavam as plataformas para o cometimento das práticas irregulares, que estão sendo investigadas.
Após as ameaças e ataques de Elon Musk a Alexandre de Moraes, o ministro do STF determinou que a conduta do empresário seja investigada em novo inquérito.
Moraes também incluiu Musk entre os investigados no inquérito já existente das milícias digitais.
O ministro ordenou ainda que a rede X não desobedeça a nenhuma ordem da Justiça brasileira. E estipulou multa de R$ 100 mil para cada perfil que seja reativado irregularmente.
Para investigar Musk, Moraes afirmou que viu indícios de obstrução de Justiça e incitação ao crime nas atitudes do bilionário nos últimos dias.
A Polícia Federal deve ouvir representantes no Brasil da rede X nos próximos dias.