O desaparecimento do soldado da PM Luca Romano Angerami, 21, na madrugada de domingo (14) na Baixada Santista, motivou a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) a retomar a Operação Escudo na região. A ação ocorre como resposta a ataques praticados contra policiais militares.
A retomada da ação foi anunciada pelo porta-voz da PM Emerson Massera durante entrevista à TV Band.
“A Operação Escudo já foi retomada com todo rigor. A tendência é que ela seja ainda mais reforçada. Nós não descansaremos enquanto os responsáveis por esse crime sejam identificados e respondam efetivamente por ele”, disse Massera.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) declarou ter ampliado o policiamento na Baixada Santista na segunda-feira (15) após o desaparecimento do soldado. “Cerca de 250 policiais foram deslocados para reforçar o policiamento na região e auxiliar nas buscas”, diz a nota. O termo Operação Escudo não foi mencionado.
A Operação Escudo desencadeada entre julho e setembro do ano passado foi uma das mais letais da PM. Ele ocorreu como resposta ao assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30, na noite de 27 de julho de 2023 em Guarujá. Suspeitos do homicídio foram presos dias depois.
Ao menos 28 pessoas morreram em 40 dias em supostos confrontos com policiais militares.
Uma nova investida, ainda mais letal, foi colocada em prática após uma segunda morte de um soldado da Rota na região no dia 2 de fevereiro. Ela, no entanto foi nomeada de Operação Verão.
O PM Samuel Wesley Cosmo foi assassinado com um tiro, gravado pela câmera presa em sua farda, disparado por um criminoso. Cosmo participava de uma ação em uma favela de palafitas na periferia de Santos, quando se separou de sua equipe e passou a patrulhar vielas sozinho.
O policial foi baleado e o bandido fugiu. Um suspeito do crime foi preso posteriormente.
Entre os dias 3 de fevereiro e 1º de abril ao menos 56 pessoas morreram em supostos confrontos com policiais, a maioria em Santos.
A Operação Verão é a segunda ação mais letal da história da polícia de São Paulo, atrás apenas do massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
A escalada de mortes no litoral paulista resultou em uma série de críticas à atuação da polícia, entre as quais está uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) apresentada em março pela Conectas Direitos Humanos e a Comissão Arns.
Ao ser questionado sobre o tema, na ocasião, o governador afirmou que não está “nem aí” para as denúncias de abusos cometidos durante a Operação Verão.
“Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse Tarcísio.
PM DESAPARECIDO
Policiais civis e militares buscam pelo paradeiro do policial. Uma câmera de segurança registrou o soldado em uma adega antes do desaparecimento. O veículo de Angerami, um Toyota Corolla, foi localizado abandonado na rodovia Cônego Domênico Rangoni, em Guarujá ainda no domingo.
Angerami mora no litoral paulista, mas trabalha no 3º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, com sede no Jabaquara, na zona sul de São Paulo. Ele faz parte de uma família de policiais.
Um homem foi detido por policiais militares após confessar de forma informal envolvimento no desaparecimento. Eke relatou que o policial foi baleado e seu corpo atirado na ponte do Mar Pequeno, em São Vicente. No entanto, em depoimento posterior em uma delegacia, preferiu se manter em silêncio. A versão do homem segue sendo investigada, mas com certo descrédito pelas forças policiais.