Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) cresceram 103% em 2023 e atingiram R$ 21,3 bilhões. A evolução foi quase 10 vezes maior do que os mercados de renda fixa, renda variável e fundos de investimento, que avançaram 11,2%, em média, no período.
Os dados, divulgados nesta segunda-feira (1) pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), consideram as regras provisórias para o produto, criadas em 2021. A autarquia permitiu a constituição de três tipos de Fiagro: imobiliário, de direitos creditórios e de participações. Cada um deles deveria seguir as regras dos respectivos fundos (FIIs, FIDCs ou FIPs). Uma resolução definitiva para o produto deve ser lançada em 2024, e incluirá a criação do Fiagro multimercado.
O agronegócio é uma das bandeiras da gestão do presidente da CVM, João Pedro Nascimento. Os dados, segundo ele, podem fazer a diferença no mercado de capitais. “Nosso objetivo é aperfeiçoar e modernizar cada vez mais a indústria dos Fiagro, em reconhecimento à relevância do segmento do agronegócio para desenvolvimento econômico de nosso país”, disse Nascimento, em nota.
De acordo com o Boletim CVM Agro, da Superintendência de Securitização e Agronegócio (SSE) da CVM, o Fiagro-FII (imobiliário) representa 50% dos 97 Fiagro operacionais. Os certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRI e CRA) são os principais ativos investidos pelos Fiagro, e representam 55% do total, seguidos de imóveis (16%) e direitos creditórios (15%).
A CVM também informou que o mercado de CRA cresceu 35,8% em 2023 e atingiu R$ 130 bilhões. Deste total, 87% dos recursos captados são destinados ao financiamento de produtos agropecuários dentro da porteira. E o produtor rural é o principal captador de recursos entre os diferentes participantes da cadeia agroindustrial, representando 45% do total. Além disso, as debêntures são os instrumentos mais utilizados como lastro na estruturação dos CRAs (R$ 49,7 bilhões) e representaram 38% do estoque, seguidas de direitos creditórios (31%), CDCA (10%) e Cédula de Produto Rural (CPR) (8%).