Se você já viveu ou está vivendo alguma emergência financeira, sabe que em momentos assim, inúmeras emoções controversas tendem a tomar conta de nossos pensamentos: estresse, raiva, medo, ansiedade, isso para citar só as mais comuns.
Não é simples lidar com tantas emoções desafiadoras e, ao mesmo tempo, ter que ajustar o foco para resolver objetivamente a questão que as está causando. A boa notícia, é que você pode usar as emoções a seu favor e reverter a situação.
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A psicologia econômica tem milhares de estudos que comprovam que quando se trata de dinheiro, é praticamente impossível manter 100% da racionalidade, aliás, ao contrário disso, a tendência é que as emoções prevaleçam sobre a racionalidade.
Sendo assim, se você está lidando com um desafio financeiro contínuo ou com uma situação de crise inesperada, é bom entender como o aspecto psicológico da sua relação com o dinheiro pode desempenhar um papel importante na sua capacidade de sair de tempos difíceis.
Emoções comuns relacionadas ao dinheiro
Algumas emoções são bem recorrentes em situações ligadas a decisões financeiras: medo, culpa, vergonha e inveja estão entre as mais comuns.
Podemos ter medo da escassez, culpa por ter mais ou menos dinheiro que as pessoas com quem convivemos em determinado contexto, sentir vergonha por não administrá-lo adequadamente ou invejar outras pessoas que parecem ter uma vida financeira absolutamente planejada.
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Em momentos de dificuldades financeiras, a vergonha pode, inclusive, ser uma das sensações mais recorrentes e perigosas. Você pode sentir vergonha por não ter previsto ou planejado a situação em que está, pode se sentir envergonhado por ter acumulado grande número de dívidas, ou pode, ainda, ficar envergonhado por não conseguir administrar seu dinheiro adequadamente.
O problema da vergonha é que ela pode levar a querer evitar os problemas em questão. E quanto mais você se esquiva deles, maiores os problemas financeiros vão ficar.
Como lidar com o estresse financeiro
Finanças são uns dos maiores estressores da atualidade, e o impacto disso na saúde física e mental é muito significativo.
A preocupação financeira pode prejudicar seu relacionamento com outras pessoas e a sua qualidade de vida geral, portanto, é importante se instrumentalizar com ferramentas da psicologia que o ajudem a entender com quais tipos de sentimentos você está lidando, como surgem e com qual frequência e intensidade.
Em outras palavras, lidar com o estresse financeiro não envolve necessariamente ter mais dinheiro ou conhecimento sobre dinheiro, mas sim como você o aborda no nível emocional.
Entre os inúmeros aspectos que você deverá avaliar para gerenciar emoções relacionadas a questões financeiras, vou citar três:
• Adote uma mentalidade positiva. E aqui não estou falando de nada místico, lei da atração ou qualquer outra invencionice coach. Mentalidade positiva trata-se de não se render ou desanimar com os erros do passado e agir com objetividade. Se o erro já aconteceu, o momento é de avaliar o que é possível fazer para minimizar os danos e se concentrar nos aspectos que estão sob seu controle, para evitar que os mesmos erros se repitam no futuro.
• Assuma o controle da situação. Evitar lidar com suas finanças não fará com que os problemas deixem de existir, ao contrário! Sendo assim, crie a disciplina de examinar detalhadamente suas faturas de cartão de crédito e planilhar seus gastos relevantes do cotidiano para entender e melhorar seus hábitos de consumo. Busque não ver essa tarefa como um fardo, mas sim, como sendo você assumindo o controle do seu dinheiro, em vez de ser o dinheiro assumindo o controle de você.
• Apele para o lado racional do seu cérebro. É natural que as emoções predominem quando temos de tomar decisões financeiras, contudo, se você exercitar o hábito de se auto-observar e, principalmente, se permitir parar e refletir antes de tomar decisões, com o tempo irá tornar seu cérebro treinado para impor racionalidade nas situações em que a emoção não pode prevalecer.
Criar o hábito da reflexão, contendo a ansiedade da decisão rápida, irá te ajudar a avaliar a situação e determinar suas opções, seja para uma nova compra, ou para negociar acordos de pagamentos para dívidas existentes.
Se você estiver se sentindo sobrecarregado, não hesite em pedir ajuda a alguém de confiança que não esteja emocionalmente envolvido com sua situação, pois essa pessoa terá ótimas condições de apontar opções realistas e te ajudar a definir os próximos passos.
Imprevistos financeiros podem acontecer com qualquer pessoa, contudo, aqueles que não se planejam financeiramente são os que terão de lidar com esses imprevistos como emergências, e isso tende a ser muito estressante.
Se você está numa fase da vida em que ainda não montou sua reserva de emergência, sugiro que comece o quanto antes a se organizar para isso, mas, em paralelo, comece a estudar seu perfil psicológico, buscando compreender qual é sua relação emocional com o dinheiro.
Entender o que te leva a gastar ou economizar, saber identificar em que circunstâncias o dinheiro desempenha papel relevante no seu comportamento e nos seus relacionamentos, vai te ajudar a fazer escolhas mais conscientes.
É difícil prever quando uma emergência financeira vai acontecer, mas a forma como você vai lidar com ela quando ocorrer, é algo totalmente planejável, então, mãos à obra e comece a se conhecer de verdade para que suas emoções não sabotem a sua vida financeira.
Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhembi Morumbi, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.
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