Após cinco sessões consecutivas de alta, o dólar fechou em baixa frente ao real nesta quarta-feira (17). A moeda norte-americana abriu em queda, seguindo a sua desvalorização global, mas chegou a virar durante falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre intervenção do BC no mercado cambial no Brasil.
O dólar, que vinha próximo das mínimas, a R$ 5,22, saltou para R$ 5,27, mas acabou encerrando o dia no vermelho. Segundo Campos Neto, o Brasil tem uma taxa de câmbio flutuante e, por isso, o BC só deve intervir no dólar em casos de disfuncionalidades.
Campos Neto acrescentou que a autoridade monetária não reage a “reprecificações de prêmio de risco por parte dos mercados”. As falas, durante reunião com investidores em Washington, nos EUA, vieram após ser indagado sobre a possibilidade de intervenção, depois que o dólar disparou a R$ 5,29, na sessão da véspera.
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Na prática, Campos Neto afastou especulações presentes no mercado nos últimos dias de que o BC poderia – ou deveria – realizar leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) ou operações extras de swap para conter a escalada do dólar.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar comercial à vista fechou com baixa 0,50%, cotado a R$ 5,243 na compra e na venda. O turismo recou 0,56%, a R$ 5,449.
Às 17h39, o dólar futuro recuava 0,84%, aos 5.250 pontos.
O Banco Central fez leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2024.
Dólar comercial
- Venda: R$ 5,243
- Compra: R$ 5,243
- Máxima: R$ 5,284
- Mínima: R$ 5,226
Dólar turismo
- Venda: R$ 5,449
- Compra: R$ 5,269
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Segundo operadores, a desvalorização de hoje é um movimento de ajuste depois de, na véspera, o dólar à vista ter fechado em alta de 1,64%, chegando a R$ 5,26 reais na venda. Foi o maior valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 23 de março de 2023 (R$ 5,28).
Em cinco dias úteis, a divisa tinha acumulado elevação de 5,23% ante o real, de forma que a baixa do dólar hoje não chega nem perto de compensar o salto recente.
“Houve uma realização de lucro, e todo mundo estava esperando por isso”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista de câmbio da Manchester Investimentos, ao justificar a queda do dólar ante real.
“Ainda assim, continuo achando que o cenário segue desfavorável ao real. Estamos numa espécie de tempestade perfeita, em que os dados lá de fora postergam o corte de juros pelo Federal Reserve e o governo brasileiro segue gastando mais do que deve, alterando as metas de (resultado) primário”, acrescentou.
Reprecificação do dólar
A recente alta do dólar veio em linha com movimento global de reprecificação dos cortes de juros pelo Federal Reserve após a divulgação de dados fortes sobre a economia norte-americana.
Operadores precificam agora cortes de 0,40 ponto percentual dos juros pelo Fed em 2024, drasticamente abaixo do 1,50 ponto esperado no início do ano.
Isso aponta para um cenário de juros altos por mais tempo nos EUA, elevando a atratividade do mercado de renda fixa norte-americano e, consequentemente, do dólar.
“Localmente, os investidores também reagiram à piora no que tange o fiscal, após a decisão do governo de não apresentar superávit fiscal em 2025”, disseram em relatório a clientes Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter, e dois analistas-chefes do banco.
A frustração dos mercados veio após decisão do governo de afrouxar a meta de resultado primário para zero para o próximo ano, em uma redução do esforço anunciado anteriormente, que previa superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Petróleo e minério
Enquanto isso, investidores “seguem atentos à geopolítica no Oriente Médio, visto que Israel ameaçou retaliar pelos ataques aéreos que sofreu do Irã no fim de semana”, disseram economistas da Guide Investimentos em nota, embora tenham chamado a atenção para um clima mais ameno no exterior.
Nesta quarta-feira, dando algum suporte ao real, os contratos futuros do minério de ferro saltaram para o nível mais alto em mais de cinco semanas, ajudados pela melhora no mercado de aço e pela expectativa de reabastecimento por parte das siderúrgicas antes de um feriado na China.
(Com Reuters)