O embaixador Maurício Lyrio, principal negociador do Brasil no G20, afirmou que a Aliança Global contra Fome e a Pobreza não dependerá de nenhum país específico para ser implementada. A declaração foi dada pelo sherpa brasileiro nesta segunda-feira (11) ao ser questionado pela possibilidade de os Estados Unidos deixar a iniciativa após o presidente eleito americano, Donald Trump, tomar posse no ano que vem.
“A Aliança Global contra a Fome já tem uma estrutura que foi aprovada e vai ser implementada. A aliança não é dependente de nenhum país”, afirmou Lyrio, que também é secretário de assuntos econômicos e financeiros do ministério das Relações Exteriores.
Ele continuou: ‘A Aliança é uma iniciativa internacional que congregará muitos países, organizações internacionais, bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições de filantropia. É uma mobilização de esforços internacionais.”
“Independentemente do grau de engajamento, nós esperamos contar com todos. Porque sabemos que todos os países têm interesse na superação da fome no mundo. Isso aí vai além de divergências geopolíticas ou situações específicas em um país ou outro”, completou.
Segundo o sherpa, a aliança terá uma estrutura de secretaria, cujo principal escritório ficará em Roma, na sede da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Isso, diz Lyrio, garantirá independência da presidência do G20.
“[O secretariado da aliança] vai ser uma estrutura de secretaria que vai permitir que a gente acompanhe os resultados da Aliança Global contra a Fome. Além de um chamado de mobilização da vontade política dos países, é preciso ter uma estrutura que efetivamente acompanhe os resultados”, disse.
Lyrio também destacou que a iniciativa tem amparo em grandes organismos internacionais para funcionar, como o Banco Mundial.
“O principal fundo do Banco Mundial é a IDA, Associação Internacional para o Desenvolvimento. Segundo o Banco Mundial, eles permitirão a destinação de recursos desse fundo, que são da casa de centenas de bilhões de dólares, para os programas da Aliança Contra a Fome”, afirmou.
A expectativa é de que Lula lance oficialmente a aliança e anuncie todos os países que aderiram à iniciativa logo no início da cúpula dos chefes de Estado, que começa na próxima segunda-feira (18).
No encontro, também é esperado que seja divulgado um comunicado em conjunto de todos os países do G20. Para isso, no entanto, é preciso haver um consenso entre os membros do grupo. Questionado sobre isso, Lyrio não quis dizer, de uma escala de 0 a 10, quão próximas as negociações estão de uma declaração conjunta. Mas afirmou estar “muito esperançoso que tudo ocorrerá bem”.