Vídeos publicados recentemente nas redes sociais sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) fizeram crescer o interesse sobre qual é o único país asiático que tem o português como um de seus idiomas oficiais. Localizado no sudeste asiático, ao lado da Indonésia, o Timor-Leste tem extensão territorial menor que Sergipe, que é o menor estado brasileiro, e tem pouco mais de 1,3 milhão de habitantes.
Por lá, a moeda oficial é o dólar e o turismo, em grande parte, se baseia em atividades ao ar livre, praias, mergulho e exploração de áreas florestais, de acordo com o governo timorense. A Ilha de Atauro, em que é possível fazer mergulho, por exemplo, tem a maior diversidade de peixes de recife do mundo, segundo pesquisa de biólogos da Conservation International.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Timor-Leste “registrou progressos impressionantes desde a independência em 2002”, mas continua com necessidades de desenvolvimento. O PIB em 2024 está em US$ 2,27 bilhões, enquanto o PIB per capita é de US$ 11,03 mil, segundo o FMI. A maior fonte de renda do país hoje é advinda da exploração do petróleo.
Nesta semana, Papa Francisco anunciou que fará uma viagem apostólica entre 2 a 13 setembro que, além de passar pelos países Indonésia, Papua Nova Guiné e Singapura, irá a Timor-Leste, aceitando o convite dos respectivos chefes de Estado, segundo o “Vatican News”.
Por que em Timor-Leste se fala português?
O Timor-Leste é um dos países mais jovens do mundo, que tem o português e o indonésio entre as línguas faladas devido ao período histórico em que foi uma colônia portuguesa (até 1979) e invadido pela Indonésia (até 2002), respectivamente.
A ocupação por parte do Império Português remonta ao século XVI. Conforme divulgado pelo Governo de Timor-Leste, quando os primeiros mercadores e missionário portugueses aportaram na ilha de Timor em 1515, encontraram populações organizadas em pequenos estados, reunidos em duas confederações.
Naquela época, toda a ilha ainda era um único território. Porém, no século XVII, a Holanda conquistou Kupang, no extremo oeste da ilha de Timor, e explorou até a metade do território total. Em 1859, um tratado firmado entre Portugal e Holanda fixou a fronteira entre o que foi nomeado Timor Português (hoje Timor-Leste) e o Timor Holandês (Timor Ocidental). Quando a Indonésia obteve sua independência, em 1945, anexou o último ao seu território.
Mesmo após sucessivas resoluções aprovadas pela Assembleia Geral da ONU, afirmando o direito à autodeterminação do Timor-Leste e também a todo o restante das colônias portuguesas de então, a independência de Portugal demorou anos para acontecer. Isso porque o regime de António de Oliveira Salazar e, depois, de Marcelo Caetano, se recusou a reconhecer esse direito.
A independência do Timor-Leste veio em 1975, após a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal.
Ocupação da Indonésia e busca por independência
Em novembro daquele ano, com a proclamação unilateral pela independência de Timor-Leste, a Indonésia, a pretexto de proteger os seus cidadãos em território timorense, invade o leste da ilha e anexa como sua província.
Deu-se início a uma guerra civil que só acabou no século XXI. O governo timorense estima que, ao longo desses anos, aproximadamente um terço do país morreu na guerra, cerca de 250 mil pessoas.
Nesse período, o uso do português foi proibido, e do tétum foi desencorajado pelo Governo pró-indonésio, que censurou à imprensa e restringiu o acesso de observadores internacionais ao território até a renúncia do então presidente indonésio, Hadji Mohamed Suharto, em 1998.
A invasão teve fim com uma missão da força de paz das Nações Unidas, chefiada por um brasileiro, Sérgio Vieira de Mello, a partir de 1999. A força militar internacional, composta inicialmente por 2.500 homens e, depois, aumentado para 8.000, incluía soldados australianos, britânicos, franceses, italianos, malaios, norte-americanos, canadianos, brasileiros e argentinos. A missão era a de desarmar os milicianos e auxiliar no processo de transição e na reconstrução do país.
Com o sucesso da missão, foram realizadas eleições para a Assembleia Constituinte que elaborou a atual Constituição de Timor-Leste, que passou a vigorar no dia 20 de maio de 2002, quando foi devolvida a soberania ao país passando este dia a ser celebrado como Dia da Restauração da Independência.