Como falar com crianças sobre o câncer

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Kate Middleton, princesa de Gales, foi diagnosticada com câncer e começou a fazer quimioterapia, anunciou ela em uma mensagem de vídeo na última sexta-feira.

“Foram dois meses incrivelmente difíceis para toda a nossa família”, disse Kate, no vídeo. Ela contou que levou tempo para se recuperar da cirurgia e iniciar o tratamento para o câncer. “Mas, o mais importante, levamos tempo para explicar tudo a George, Charlotte e Louis de uma maneira apropriada para eles e para tranquilizá-los de que eu vou ficar bem”, acrescentou.

Conversas como as que Kate teve com seus filhos estão entre as discussões mais importantes e delicadas que os pais podem ter, de acordo com Kathy Hirsh-Pasek, professora de psicologia da Temple University e membro sênior da Brookings Institution.

As crianças, especialmente as mais novas, consideram seus pais uma rocha firme, diz ela. Se algo interrompe essa estabilidade – “mesmo que seja um câncer controlável – para os ouvidos de uma criança, uau, isso é assustador”.

Hirsh-Pasek recomenda explicar que “haverá momentos em que a mãe não se sentirá tão bem quanto em outros, mas ela estará lá para você e estará por perto”.

Mas, esclarece ela, “não estou dizendo para você mentir”. As crianças são muito observadoras, diz Hirsh-Pasek. “Se você esconde algo, as crianças sabem que você está escondendo algo.”

Essas conversas naturalmente trazem ansiedade e dor aos pais, diz Hadley Maya, assistente social clínica do Center for Young Onset Colorectal and Gastrointestinal Cancer do Memorial Sloan Kettering Cancer Center.

“Tentamos ajudar os pais a entender que ter essas conversas com seu filho de forma honesta pode ajudar a criança a lidar com a situação e a não se sentir sozinha com seus sentimentos, suas preocupações e sua imaginação”, diz ela. Frequentemente, a criança está imaginando algo pior do que o que está acontecendo.

A palavra câncer “não costuma assustá-las como acontece conosco, adultos”, observa Maya, que também ajuda a coordenar o programa Talking with Children about Cancer (ou “Conversando com crianças sobre câncer”) do Memorial Sloan Kettering. “O fato de não saber as assusta mais”.

Os pais também podem se preocupar com o fato de uma criança vê-los chorar. Mas não é ruim demonstrar vulnerabilidade, observam Hirsh-Pasek e Maya. É uma oportunidade para os pais mostrarem que não há problema em não se sentir bem, em expressar emoções e em pedir ajuda.

As conversas sobre doenças graves podem ser bem diferentes do que eram há alguns anos, afirma Hirsh-Pasek, porque muitas crianças viveram e se lembram da pandemia do coronavírus. Isso não significa que as discussões sejam mais fáceis, mas as crianças podem estar mais conscientes do que significa estar muito doente.

Isso também significa que explicar o câncer é mais importante do que nunca. Maya recomenda concentrar-se em três aspectos principais:

  • Explique que o câncer não é contagioso e que eles ainda podem abraçar um dos pais e compartilhar alimentos.
  • Diga às crianças que elas não causaram o câncer ou qualquer uma das circunstâncias que o cercam (o que é uma ideia comum, especialmente entre crianças pequenas, disse ela).
  • E deixe claro que a doença se chama câncer – não use outros termos.

Deixe que seu filho assuma a liderança em algumas discussões, orienta Maya. Dê a ele a oportunidade de fazer perguntas e reconheça “que, embora você não tenha todas as respostas, você tentará descobrir e voltará a falar com ele”.

Em sua declaração, Kate compartilhou um pouco do que disse a seus filhos: “Como eu disse a eles, estou bem e me fortalecendo a cada dia, concentrando-me nas coisas que me ajudarão a me curar; em minha mente, corpo e espírito.”

Esse tipo de linguagem tranquiliza as crianças, nota Hirsh-Pasek, e mostra a elas como somos capazes de superar as dificuldades.

“Eu não usaria esse tipo de oportunidade para discutir a morte e o morrer”, aconselha Hirsh-Pasek. “Eu usaria essas oportunidades para discutir a vida e o viver.”

Fonte: Externa

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