O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou neste domingo (21) para apoiadores em um ato promovido pelo próprio partido na orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Em um ato repleto de ataques ao Judiciário e em que se defendeu da acusação de tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro afirmou que há um ataque em curso à liberdade de expressão e puxou uma salva de palmas ao empresário americano Elon Musk, dono do X (antigo Twitter).
O evento contou com as presenças dos governadores do Rio de Janeiro, Claudio Castro, e de Santa Catarina, Jorginho Mello, ambos do PL.
As declarações de Bolsonaro vêm na esteira da escalada de tensão entre o bilionário, que recentemente passou a atacar o ministro do STF Alexandre de Moraes, e denunciar uma suposta censura em curso no Brasil.
“O sistema passou a trabalhar contra a liberdade de expressão”, disse Bolsonaro durante o discurso, que atacou a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ex-presidente, seu grupo tem diversas sementes na política e que podem levar suas bandeiras adiante, se houver liberdade de expressão.
O ato deste domingo (21) teve como lema “a defesa do Estado Democrático de Direito”, sob justificativa dos bolsonaristas de que a Justiça estaria tentando calar apoiadores do ex-presidente. O ato ocorreu no mesmo lugar onde, em 7 de Setembro de 2022, Bolsonaro usou a data da Independência para um comício eleitoral, sendo condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-chefe do Planalto chamou Musk, com quem tem afinidades ideológicas, de “mito da liberdade”. Ele completou afirmando que há uma conspiração entre o governo federal e o Judiciário para “cercear” as redes sociais.
“Acusam agora o homem mais rico do mundo, dono de uma plataforma cujo objetivo é fazer com que o mundo todo seja livre, o X, o nosso antigo Twitter. É um homem que preserva pela liberdade para todos nós, com coragem de mostrar com todas as provas para onde nossa democracia estava indo”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente também fez críticas a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva:
“Eles fizeram voltar à cena do crime o maior ladrão da história do Brasil. Um apoiador de ditaduras. O que eles querem é a ditadura, com o controle social da mídia”.
O ato deste domingo encheu as ruas de Copacabana, mas, segundo a avaliação de aliados do ex-presidente, o publico foi menor do que na manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, em 25 de fevereiro. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, admitiu que já esperava menos apoiadores no evento de ontem. Em conversa com jornalistas, ele afirmou que preferia que o ato fosse realizado à tarde, para atrair mais gente.
“Talvez a tarde tivesse sido melhor, mas ainda vai chegar mais gente”, afirmou Costa Neto antes da chegada de Bolsonaro ao ato. Proibido pela Justiça de se comunicar com o ex-presidente, o dirigente partidário precisou deixar a manifestação para não ter contato com ele.
Assim como em São Paulo, há dois meses, o discurso mais duro ficou a cargo do pastor Silas Malafaia. O líder evangélico chamou o ministro Alexandre de Moraes de “ditador da toga”.
“Alexandre de Moraes, quem te colocou como censor da democracia? Quem é você para decidir o que um brasileiro pode ou não falar?”, disse Malafaia, que também afirmou: “Alexandre de Moraes introduz o crime de opinião, ele é uma ameaça a democracia”.
O pastor também fez ataques ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por não pautar o impeachment do ministro do Supremo.
“Senhor presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o senhor foi frouxo, covarde e omisso. O senhor vai ser acusado de prevaricação”
Discursou também a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em tom mais religioso. Ela teve destaque no encerramento, ao lado de Bolsonaro, quando ele fazia a defesa da família. Na dispersão, houve um empurra-empurra entre os apoiadores e Bolsonaro feriu levemente o lábio inferior.