A Bolsa de Valores brasileira passa por um momento de mau humor devido ao risco fiscal no Brasil, dados sólidos da economia dos Estados Unidos que sugerem uma manutenção prolongada das taxas de juros e tensões geopolíticas no Oriente Médio. De janeiro a abril, o principal índice do mercado, o Ibovespa, registrou uma queda de 6,2%, caindo de 132 mil pontos para abaixo dos 125 mil pontos. A aversão global ao risco gera receios entre os investidores, porém, também traz consigo oportunidades.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Na visão dos especialistas, a bolsa brasileira está “barata” e o cenário turbulento e a volatilidade do dólar devem ser encarados como um trampolim para que o investidor consolide seu patrimônio. “A atual conjuntura deve ser vista como uma oportunidade para o investidor construir seu patrimônio a longo prazo”, afirma Marcos Milan, professor de negócios da FIA Business School.
Para avaliar essa “barateza”, o mercado financeiro utiliza o múltiplo preço/lucro (P/L) do índice Ibovespa; um P/L menor sugere subvalorização da bolsa, o que pode representar uma oportunidade de investimento. Atualmente, o P/L da bolsa brasileira é de 7,7x, enquanto o do S&P americano é de 23,1x. Isso indica que as empresas presentes no Ibovespa têm um potencial maior de retorno e estão sendo negociadas abaixo do seu preço justo.
Leia também:
Um exemplo disso é a Petrobras, considerada subvalorizada pelos analistas do Goldman Sachs, que projetam um potencial de valorização de 18% nos ativos da empresa. O BTG Pactual também recomenda a compra dos ADRs da Petrobras a US$ 19 (R$ 99,5), com uma valorização estimada em 21,3%.
Recomendações
Apesar do momento oportuno, é necessário cautela e estratégia. Milan afirma que o investidor não deve pensar apenas no curto prazo. “Historicamente, o investidor perde quando foca em especulação em vez de adotar uma estratégia sólida com fundamentos que perduram ao longo do tempo”, destaca o professor.
Para Gabrielle Vieira, especialista de investimentos da FHE Ventures, investidores interessados em aproveitar a queda da bolsa devem considerar na empresa a liderança de mercado, o potencial de crescimento e a resiliência em diferentes cenários econômicos, alinhando-as com seus próprios objetivos de investimento e tolerância ao risco. Vieira apontou três ativos que se encaixam nesses critérios:
- Totvs (TOTS3): Destacada por seu papel no fornecimento de software de gestão empresarial, com grandes oportunidades em automação e tecnologia da informação.
- Vale (VALE3): Uma escolha constante devido ao seu papel crítico na indústria global de mineração, especialmente em ferro e níquel, com demanda impulsionada pela China e pela transição energética global.
- Petrobras (PETR4): Continua sendo uma das principais escolhas no setor de energia devido à sua capacidade de beneficiar-se dos preços internacionais do petróleo e do seu programa de desinvestimento e foco no pré-sal.
Danilo Bastos, analista de investimentos da Ticker Research, também aponta que o investidor deve considerar mais de uma classe de ativos, como Fundos Imobiliários (FIIs) e renda fixa. “Em 2024, tivemos quedas grandes em boa parte das ações, o que torna esses ativos mais atrativos pelo preço mais baixo, mas minha sugestão é uma carteira diversificada para o segundo trimestre de 2024.”