Os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs, na sigla em inglês) anunciaram, neste sábado (20), a ampliação em até US$ 400 bilhões para financiamentos nos próximos dez anos. Os presidentes das dez instituições que integram o grupo, neste ano liderados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), presidido pelo brasileiro Ilan Goldfajn, realizaram pela primeira vez um retiro do grupo, em um processo de institucionalização deste fórum.
Para Goldfjan, a reunião foi mais um passo para a integração dos bancos que devem passar a trabalhar de forma mais integrada. “Acabamos de realizar, na sede do BID, um inédito retiro dos líderes dos MDBs. De forma pioneira, decidimos aprofundar nossa colaboração e vamos trabalhar como um sistema. Estamos trabalhando para servir melhor nossos países e juntos conseguiremos fazer mais, com mais impacto e em maior escala”, disse o presidente do BID.
Segundo o documento, o grupo de multilaterais decidiu ampliar a capacidade de investimento em projetos que visam à redução dos impactos climáticos e buscam, principalmente, ações de mitigação dos riscos em projetos sustentáveis.
O grupo dos bancos promete ainda ampliar o uso de instrumentos financeiros inovadores para aumentar a capacidade de empréstimos do grupo, “incluindo instrumentos híbridos de capital e de transferência de risco, e promover a canalização de direitos de saques especial do FMI através dos MDBs.
O atual sistema de uso desses saques é motivo de críticas de líderes como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que reclama do fato de os países ricos terem mais acesso a estes recursos do que nações pobres ou em desenvolvimento. O grupo dos MDBs, agora, quer poder ter acesso a parte destes recursos, que chegam à casa dos US$ 650 bilhões, e com isso ampliar sua ação sem a necessidade de novas capitalizações dos países membros dos bancos, justo no momento de maior aperto fiscal pelo mundo. Não há prazo, contudo, de quando isso pode ocorrer, embora exista uma expectativa de que o FMI deva debater o direito de saques especiais em maio deste ano.
Os presidentes dos MDBs também decidiram apresentar uma primeira abordagem comum para medir os resultados climáticos sobre adaptação e mitigação. Um dos aspectos interessantes nesta área é que os bancos multilaterais de desenvolvimento decidiram “continuar a apoiar e melhorar os sistemas de alerta precoce para catástrofes naturais”, diz o texto.
As compras públicas destes bancos também devem ser direcionadas para objetivos verdes: “Continuar harmonizando as práticas de compras, inclusive confiando nas políticas de compras uns dos outros para reduzir custos de transação e aumentar a eficiência e a sustentabilidade”, destaca o comunicado.
Instituições de desenvolvimento fizeram um retiro em Washington na mesma semana em que aconteceram as reuniões de primavera do FMI e Banco Mundial. Integram os MDBs e os RDBs: Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), Asia Development Bank (ADB), Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), Banco Desenvolvimento do Conselho da Europa (CEB), Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (EBRD), Banco Europeu de Investimento (EIB), Banco Islâmico de Desenvolvimento (IsDB) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, conhecido como Banco dos Brics). Outras instituições financeiras multilaterais que trabalham com os MDBs e os RDBs são o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Corporação Financeira Internacional (IFC).