Ativos ESG devem ultrapassar US$ 40 trilhões até 2030, ancorando os mercados de capitais

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Análise feita por Adeline Diab, diretora de pesquisa, e Rahul Mahtani, analista de ESG da Bloomberg Intelligence. Exibido antes no Terminal Bloomberg.

O mercado ESG pode ultrapassar US$ 40 trilhões até 2030, com base em nossa análise de cenários, ancorando os US$ 140 trilhões de ativos sob gestão (AUM) projetados mundialmente, apesar do crescimento 70% mais lento e do sentimento polarizado. O exame minucioso é essencial à medida que os órgãos reguladores combatem o greenwashing, que aumenta a maturidade e a credibilidade do mercado, mas limita a criação de produtos. A Europa tende a permanecer como o colaborador mais significativo, enquanto os EUA podem estagnar em meio às eleições e à reação contra medidas de ESG. Temas emergentes e mercados pequenos, porém em expansão, como o Japão, poderiam apoiar os ganhos.

Nossas projeções são baseadas no modelo de previsão de ativos ESG da BI, que combina decomposição de crescimento regional, tendências históricas e expectativas econômicas, apoiando-se em dados do relatório de 2022 da Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), no qual uma mudança metodológica reduziu pela metade os ativos ESG dos EUA.

Ativos ESG ganharão credibilidade apesar do crescimento mais lento.

Os ativos ESG têm mostrado resiliência apesar da incerteza econômica e regulatória — alcançando US$ 30 trilhões em 2022, de acordo com a GSIA — e esperamos que ultrapassem US$ 40 trilhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 3,5% de acordo com a maturidade do mercado. Isso representa menos de um terço do ritmo de 12% estabelecido entre 2016 e 2020, em meio à euforia, greenwashing e alegações enganosas. Uma maior fiscalização e harmonização regulatórias podem fortalecer a credibilidade, mas também podem restringir a criação de produtos. Temas emergentes e demanda sustentada poderiam impulsionar ainda mais o crescimento, com o BI ESG Market Navigator sugerindo que 85% dos investidores planejam aumentar seus ativos sob gestão ESG.

A queda global de 20% em 2022 reflete a decisão da Aliança Global de Investimentos Sustentáveis (GSIA) de excluir investimentos com padrões ESG vagos, reduzindo pela metade o total dos Estados Unidos para US$ 8 trilhões. A Europa se recuperou para US$ 14 trilhões, enquanto o Japão cresceu 50%, alcançando US$ 4 trilhões.

Alocação global para 2030: Europa 45%, EUA 25%, Japão 15%

A Europa continuará sendo o maior mercado ESG, conforme previsto pelo cenário da BI, com mais de US$ 18 trilhões em ativos sob gestão em 2030, preservando sua participação global de 45%. Isso pressupõe que seu CAGR acompanhará a taxa global de 3,5%, embora tenha caído de 8% no período de 2014 a 2022. A CAGR dos EUA poderia diminuir para 1,5%, resultando em US$ 9,5 trilhões de ativos ESG até 2030. A próxima eleição presidencial, a alta concentração de mercado dos fundos e a reação contra as medidas relativas a ESG podem reduzir sua participação para abaixo de 25%.

O Japão, Canadá e Austrália são mercados pequenos, porém em rápido crescimento, com o Japão aumentando 50% para US$ 4,3 trilhões em 2020-2022. Embora esses países possam continuar a superar a expansão global, esperamos que sua taxa média de crescimento anual (CAGR) se estabilize em 6%, uma vez que a regulamentação e o aumento da supervisão impulsionam a consolidação do mercado. Com base nessas suposições, a participação do Japão poderia exceder 15% até 2030, com quase US$ 7 trilhões em ativos.

Ativos ESG da China chegarão a US$ 5 trilhões até 2030 dominados por empréstimos verdes

Os ativos ESG na China podem ultrapassar US$ 5 trilhões até 2030, em comparação com cerca de US$ 4 trilhões em 2022, conforme previsto pelo cenário da BI. Isso pressupõe um aumento gradual, impulsionado pelo mercado de empréstimos verdes, que tem dominado à medida que as empresas estatais embarcam em planos de descarbonização. Os fundos ESG na China — representando cerca de US$ 70 bilhões em 2023, com base em dados da GSIA — compreendem uma pequena fração dos ativos, mas podem ganhar importância depois de aumentarem mais de 10 vezes desde 2008.

Em nossa análise, a China é contabilizada separadamente dos EUA, Europa, Japão, Canadá e Austrália/Nova Zelândia devido à metodologia da GSIA e à falta de dados históricos.

Modelo de previsão de ativos ESG da BI: a metodologia

O modelo de previsão de ativos ESG da BI oferece projeções globais e regionais até 2030, utilizando dados do relatório de 2022 da GSIA. O modelo é desenvolvido em três estágios. Primeiro, analisamos a tendência de crescimento histórico nos ativos ESG totais e na distribuição regional, fornecendo insights sobre a CAGR prevista durante várias fases de maturidade em diferentes mercados. Segundo, combinamos as informações históricas com nossas expectativas econômicas mundiais e regionais, bem como visões sobre ESG, para derivar a estimativa de CAGR para cada região pelo restante da década. Por fim, a projeção da CAGR para cada região é ajustada para cima ou para baixo para produzir os cenários otimista e pessimista, respectivamente.

Crescimento revisado para baixo em comparação com o modelo de previsão de ativos ESG de 2022

O modelo de previsão de ativos ESG da BI para 2024 foi revisado para baixo devido ao ambiente econômico mundial mais desafiador e à racionalização do mercado, com maior fiscalização exigindo mais credibilidade dos fundos. Nossa atual estimativa de US$ 40 trilhões até 2030 também reflete uma mudança na metodologia da GSIA, que reduziu os ativos dos EUA em US$ 8 trilhões. Após contabilizar essa queda, estendemos o modelo anterior (US$ 50 trilhões até 2025) por cinco anos até 2030, uma vez que a credibilidade do mercado supera a expansão.

Fonte: Externa

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