O assessor presidencial ucraniano, Mikhaílo Podoliak, negou, neste sábado, a insinuação da Rússia de que os supostos autores do ataque em Moscou, que deixou mais de 130 mortos, tivessem vínculo com a Ucrânia. Mais cedo, os serviços de segurança russos disseram que os autores do ataque, reinvidicado pelo grupo Estado Islâmico, planejavam cruzar a fronteira em direção a Ucrânia. O ex-presidente e vice-chefe do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, também sugeriu participação da Ucrânia.
As autoridades anunciaram a detenção de 11 pessoas, incluindo quatro agressores diretamente envolvidos no ataque.
Ainda na sexta, Medvedev elevou o tom, e prometeu encontrar e “destruir” os responsáveis pelo ataque, sugerindo que teriam sido obra da Ucrânia. “Se for estabelecido que estes são terroristas do regime de Kiev, é impossível lidar de forma diferente com eles e com os seus inspiradores ideológicos. Todos eles devem ser encontrados e destruídos impiedosamente como terroristas. Incluindo funcionários do Estado que cometeram tal atrocidade”, disse, no Telegram.
Em entrevista coletiva, em Washington, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, afirmou que “não há nenhuma indicação neste momento de que a Ucrânia ou os ucranianos estejam envolvidos num ataque armado”. “É óbvio que há pessoas em Moscou e na Rússia que não concordam com a forma como o Sr. Putin comanda o país. Mas não creio que possamos estabelecer uma ligação entre o ataque ao centro comercial e o regime político neste momento”, disse Kirby.
Desde o início da guerra, ou “operação militar especial”, a Rússia se refere a ataques ucranianos em seu território como “atos terroristas”, mesmo que tenham sido organizados e conduzidos por forças militares — isso inclui, por exemplo, ações com drones contra cidades russas, como Moscou, onde nem o Kremlin escapou das aeronaves não tripuladas. Refinarias em várias regiões foram alvejadas, suspendendo temporariamente parte das atividades do setor petrolífero do país.
Mas houve atentados no sentido mais conhecido da palavra, tendo como alvos figuras próximas do Kremlin ou das Forças Armadas. No caso mais conhecido, em 20 de agosto de 2022, Darya Dugina, filha do filósofo e “guru” de Vladimir Putin, Alexander Dugin, morreu quando uma bomba instalada no carro dela foi detonada nos arredores de Moscou. Em abril de 2023, um blogueiro militar, Vladlen Tatarsky, cujo nome real era Max Fomin, morreu quando um explosivo foi detonado em um café de São Petersburgo, e em maio do mesmo ano, uma mina antitanque explodiu sob o carro de Zakhar Prilepin, político e escritor ultranacionalista. Prilepin sobreviveu, mas o segurança dele não resistiu aos ferimentos.