O assessor especial da Presidência e ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deve viajar na próxima semana para São Petersburgo, na Rússia, onde participará de uma nova rodada de conversas com assessores de segurança nacional do grupo do Brics, como é conhecido o grupo formada por países de economias emergentes, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Uma das pautas do encontro é a guerra na Ucrânia.
O Valor apurou que outro assunto que deve aparecer na conversa entre os representantes dos Brics é questão do conflito na Faixa de Gaza, que opõe o grupo terrorista Hamas e o governo do israelense Benjamin Netanyahu. O embate escalou depois que o Irã decidiu fazer uma ofensiva contra os israelenses no fim de semana.
Amorim deve aproveitar sua passagem pela Europa para se reunir também com autoridades na França e Alemanha. A ideia, nesse caso, é discutir com os respectivos assessores de Emmanuel Macron e Olaf Scholz sobre a eleição na Venezuela.
A eleição no país de Nicolás Maduro se converteu num problema para a diplomacia brasileira depois que Corina Yoris, candidata à presidência indicada pela Plataforma Unidade Democrática (PUD), não conseguiu se registrar para o pleito dentro do prazo. Ela havia sido indicada para a disputa pela ex-deputada María Corina Machado, vencedora das prévias da oposição e que foi tornada inelegível por 15 anos pela Justiça em 2023.
Lula já havia pedido publicamente que María Corina Machado não ficasse “chorando” por conta de ter sido barrada das eleições. Na ocasião, o presidente brasileiro citou, como exemplo, as eleições de 2018, quando ele foi impedido de disputar o pleito e indicou em seu lugar o nome de Fernando Haddad. A decisão da Venezuela de barrar um segundo nome da oposição, no entanto, gerou constrangimento para o governo brasileiro e Lula acabou criticando o país vizinho pelas dificuldades criadas.
Na prática, a situação derruba de vez a esperança de que o governo da Venezuela possa realizar eleições democráticas para presidente como parte do Acordo de Barbados. Esse acordo previa que a Venezuela deveria realizar eleições transparentes e justas em troca da suspensão de várias sanções econômicas dos EUA.