Abismo de diferenças salariais é ainda mais crítico no recorte de raça | ESG

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por O Diretório
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Dados extraídos do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, publicado no fim de março pelo Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), expõem diferenças na média de remuneração e do salário contratual que extrapolam as questões de gênero. O cenário é ainda mais crítico no recorte por raça.

“Quando olhei o relatório, chamou muito a minha atenção o fato de que homens negros ganham menos que as mulheres não negras. Temos uma questão racional que chega antes da questão de gênero”, diz Luciene Rodrigues, gerente de Relações Institucionais do Movimento pela Equidade Racial (Mover).

Os números revelam, segundo Rodrigues, uma questão racial muito importante que, talvez, não seja tão debatida quanto a questão de gênero. “Na base da pirâmide, está a mulher negra ganhando bem menos, seguida do homem negro ganhando um pouquinho mais que a mulher negra, mas com uma remuneração menor do que a mulher branca. No topo da pirâmide, está o homem branco, ganhando mais que todo mundo, ou seja, uma discrepância muito grande”, observa.

Rodrigues defende que pauta racial não pode ser negligenciada no dia a dia das empresas. “Precisamos discutir com as lideranças, sobretudo as que estão no estágio intermediário, que são responsáveis pelas contratações, e fazer um trabalho de letramento racial”, afirma. A conscientização das lideranças é fundamental, mas ouvi-las e esclarecer as dúvidas delas com relação à pauta d equidade racial é crucial, na análise de Rodrigues.

“A maioria das pessoas tem atitudes racistas muitas vezes sem perceber. Assim como o machismo, o racismo é estrutural. Então precisamos tomar cuidado com vieses, que são inconscientes”, diz

Para mudar essa realidade, desde 2021, quando iniciou as atividades, o Movimento pela Equidade Racial tem consolidado ações para dar visibilidade à pauta de equidade racial nas empresas. O primeiro passo do movimento foi inserir a população negra nessas rodadas de discussão, para que as ações fossem construídas em conjunto.

O passo seguinte foi estabelecer metas. “A primeira é de ter mais 10 mil posições de liderança ocupadas por pessoas negras até 2030 dentro dessas companhias. A segunda é gerar 3 milhões de oportunidade para a população negra até 2030”, detalha Rodrigues.

Já aderiram ao movimento 50 empresas de médio e grande porte, de diferentes segmentos da economia. Rodrigues ressalta que a última adesão foi do BNDES, a única participante do setor público. “É muito importante, em um processo de transformação e de construção de jornada, ter o poder público e o privado trabalhando juntos. Caso contrário, a gente não consegue mexer o ponteiro”, diz.

Em 2024, o movimento começa a trazer um olhar interseccional para além da agenda racial. Rodrigues diz que haverá programas focados em mulheres negras. Desde 2021, todos os programas do Mover sempre olharam para o guarda-chuva total com pessoas negras sem recorte de gênero. Mas mesmo sem fazer recorte de gênero, a gente vê o engajamento muito grande do público feminino, afirma Rodrigues.

Fonte: Externa

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