A investidores, Boulos tenta se dissociar do radicalismo do Psol | Política

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por O Diretório
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A uma plateia de investidores, o pré-candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, tentou se dissociar nesta sexta-feira (19) do “radicalismo” de seu partido e citou a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como exemplo de composição política para ter governabilidade, com ministros que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Helio Mattar, do Instituto Akatu, questionou sobre como construir a governabilidade e disse que o Psol tem uma posição de “não negociação”. Na Câmara Municipal, o partido de Boulos tem seis dos 55 vereadores. Boulos tentou usar sua experiência de um ano e quatro meses como deputado federal para afirmar que tem dialogado “com quem pensa diferente”. O parlamentar citou a aprovação de três projetos de sua autoria com votos de partidos como União Brasil, PP e PSDB.

“Como se constrói [a governabilidade]? Com diálogo, capacidade de negociação e de concessão”, afirmou aos investidores. Boulos disse que, com o tempo, aprendeu a “dialogar com quem pensa diferente”.

O pré-candidato, no entanto, irritou-se ao ouvir, na sequência, que o “Psol tem a pior postura possível”, e que é “muito parecido com a extrema-direita”. A afirmação foi feita por Lucia Hauptman, fundadora da Prada e anfitriã do evento.

“Não vamos confundir as estações”, declarou o parlamentar do Psol. “Não confunda divergência com quem é contra a democracia”, disse Boulos. “Você pode discordar das posições [do Psol], mas estou conversando civilizadamente numa financeira”, afirmou o pré-candidato, em uma indicação de que está aberto a “ouvir os que pensam diferente”.

Boulos afirmou que “quem senta” na cadeira de prefeito “não representa só seu partido, seus princípios, nem apenas os partidos que compõem a chapa vencedora das eleições”. O pré-candidato disse que vai se empenhar para que o campo progressista eleja mais vereadores e tenha uma bancada entre 22 e 25 parlamentares, dos 55 vereadores da capital. Hoje o campo tem 17 vereadores. “Elegendo uma bancada maior, é um ponto de partida para negociação”.

Para obter governabilidade, o parlamentar citou como exemplo o governo Lula, que indicou como ministros políticos que apoiaram Bolsonaro. Boulos disse que é possível compor “sem comprometer o programa de governo eleito”

Investidores relataram uma “boa impressão” sobre Boulos, mas demonstraram preocupação com propostas do pré-candidato, como a realização de mais concursos para ampliar os servidores da prefeitura e reduzir a terceirização, a extinção da cobrança da alíquota de 14% dos servidores aposentados, além dos eventuais problemas de governabilidade por conta do Psol.

Lucia Hauptman elogiou o fato de Boulos apresentar propostas que já foram executadas em gestões anteriores, mas afirmou que o pré-candidato não a convenceu sobre como pretende ter governabilidade e combater formas “não republicanas” de negociação política. “Ele não falou sobre como vai fazer a gestão política, como vai coordenar com o partido dele, com a Câmara Municipal e como vai desmontar os interesses não republicanos”, disse a fundadora da investidora Prada. “E me preocupou muito a possibilidade de fazer mais concursos”, afirmou. Lucia elogiou a composição da chapa de Boulos com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) na vice como uma “jogada de mestre de Lula”, e defendeu que o pré-candidato do Psol e a pré-candidata do PSB, deputada Tabata Amaral, se unam já no primeiro turno para disputar contra o prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). “As soluções deles [para a cidade] não são muito diferentes.”

Guilherme Boulos — Foto: Divulgação/Leandro Paiva

Fonte: Externa

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