O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta terça-feira (30) o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (IA), elaborado por cientistas a pedido do governo, e afirmou que adotará medidas já na próxima semana para fazer avançar a proposta.
Ele defendeu que a IA precisa gerar empregos no país e não extingui-los. “O que vocês apresentaram não pode ficar numa gaveta. Na semana que vem, já vou ter reunião com os ministros para apresentar a nossa proposta de política de inteligência artificial que vocês nos apresentaram e a partir daí vamos tomar decisões para que esta coisa aconteça de fato e de direito no nosso país”, afirmou, na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Lula argumentou que o país não pode ficar esperando a inteligência artificial ser elaborada pelos Estados Unidos, Coréia do Sul ou Japão e que precisa construir suas próprias ferramentas. Mas disse estar preocupado com as notícias de que a IA pode causar 16 milhões de desempregados.
“Ora, se for para isso, não quero”, afirmou. “Temos que fazer com que esta seja uma fonte para que a gente gere emprego neste país.”
O petista ainda criticou as “big techs” por coletarem os dados de usuários sem consentimento para treinar a inteligência artificial e sem pagarem impostos e, depois, lucrarem em cima do seu uso.
O presidente também defendeu que o governo tenha um banco de dados único e abra o acesso para a sociedade. “A nossa inteligência artificial começa por aí, a gente criar uma estrutura para que todos os dados deste país estejam compilados e à disposição da sociedade brasileira”, afirmou.
Ele reclamou que os setores do governo não compartilham suas informações e criticou que os bancos de dados sejam individualizados, como o do Sistema Único de Saúde (SUS), da Receita Federal, da Previdência e do Cadastro Único para Programas Sociais (Cadúnico).
Encomendado por Lula no início de 2024, o plano prevê um mapeamento da infraestrutura de processamento necessária para atender áreas estratégicas.
Segundo informações divulgadas pelo Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, o plano está divididas em cinco eixos: infraestrutura e desenvolvimento; difusão, formação e capacitação; inteligência para melhoria dos serviços públicos; inteligência para inovação empresarial e apoio ao processo regulatório e de governança.
O governo tem como meta investir em um supercomputador para o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) que estará entre os cinco mais potentes do mundo.
Lula disse ainda que do síndico ao presidente da República, todos precisam ter “a capacidade de ouvir, de aprender e de ceder”.
“A gente não pode passar a vida inteira reclamando do que não foi feito e não fazer o que precisa ser feito”, afirmou. “Vocês não terão outro governo que tenha a capacidade de ouvir. E sabe porque eu aprendi a ouvir? Porque eu não sei das coisas e quero aprender. Se tivesse um doutor no meu lugar, ele não iria ouvir vocês.”
Segundo o presidente, o pronunciamento feito por ele em rede nacional de TV e rádio no último domingo serviu para mostrar “que o Brasil tem que dar um passo adiante” e destacar realizações feitas em sua terceira gestão.
Dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desistir de concorrer à reeleição em função da idade, Lula destacou que está com 78 anos e disse: “vivo o meu melhor momento na passagem pelo planeta Terra”.
“Sou pessoa hoje que tem muita noção das coisas, sei o que quero, sei para onde quero ir e sei o que é possível conseguir neste país”, disse.