Como fazer lavagem nasal? Em que situações ela é indicada? Tire essas e outras dúvidas

O Diretório
por O Diretório
9 Leitura mínima

A lavagem nasal, também conhecida como irrigação nasal, é recomendada pelos médicos para limpeza e hidratação da cavidade nasal, em especial quando o ar está seco ou frio, mas exige cuidados. O procedimento envolve a irrigação das narinas com uma solução de água com cloreto de sódio, geralmente isotônica, como o soro fisiológico, e tem como principal finalidade a remoção de muco em excesso e de partículas presentes nos canais, o que pode melhorar a respiração.

Por ser um procedimento incômodo para alguns e um tanto quanto desafiador para os pais que precisam realizá-lo em crianças pequenas, é natural que surjam questionamentos sobre a forma correta de aplicação, os riscos associados ao uso contínuo, entre outros tópicos. Confira abaixo a indicação de especialistas e tire as principais dúvidas sobre a lavagem nasal.

Lavagem nasal pode ser feita em crianças, mas é preciso cuidado Foto: Asada/Adobe Stock

É saudável fazer lavagem nasal?

A lavagem nasal é considerada saudável quando realizada corretamente. Segundo Linus Fascina, gerente médico do Departamento de Pediatria do Hospital Israelita Albert Einstein, estudos reforçam que essa prática ajuda a limpar as vias respiratórias superiores, removendo alérgenos, muco e partículas irritantes.

“A prática pode reduzir a inflamação e melhorar a respiração, sendo particularmente útil para pessoas com condições respiratórias crônicas”, explica Fascina.

Quando a irrigação nasal é indicada?

A lavagem nasal é indicada principalmente em casos de problemas no nariz ou nos seios paranasais, como sangramentos, cuidados pós-cirúrgicos, ou para aliviar condições alérgicas. Entre as principais indicações estão:

  • Rinite alérgica: reduz os sintomas removendo alérgenos das narinas;
  • Sinusite: ajuda a drenar o muco acumulado e alivia a congestão;
  • Resfriados e gripes: auxilia na eliminação de vírus e bactérias, acelerando a recuperação;
  • Pós-cirúrgico nasal: mantém a limpeza das cavidades nasais após cirurgias, prevenindo infecções;
  • Exposição a poluentes: remove partículas irritantes após exposição à poluição ou poeira.

Quantas vezes por dia é preciso realizar a lavagem?

A frequência com que a lavagem nasal deve ser realizada varia de acordo com a condição específica de cada pessoa. No geral, uma lavagem diária é suficiente, porém, em casos de infecção ou alergia aguda, pode ser necessário realizar o procedimento até três vezes ao dia, conforme orientação médica.

Seringa ou spray nasal? Qual é o melhor?

Existem diversos métodos e dispositivo de lavagem nasal, incluindo o uso de sprays nasais de jato contínuo, seringas ou garrafinhas projetadas para liberar a solução salina, com alto volume e baixa pressão.

Os pacientes podem escolher o método mais confortável, visando também a posição mais agradável para aplicação, respeitando as recomendações médicas específicas. Além disso, é importante prestar atenção ao volume e à pressão utilizada na aplicação para evitar efeitos adversos.

Quais são os principais erros durante a lavagem nasal?

O gerente médico explica que os riscos envolvendo a irrigação nasal estão atrelados à execução inadequada. Por exemplo, o uso de água contaminada pode introduzir organismos nocivos e, em casos mais extremos, causar uma infecção cerebral rara e frequentemente fatal, a amebíase cerebral. Ainda, a irrigação incorreta pode não remover completamente o muco e as bactérias, levando a um quadro de sinusite bacteriana.

“Não eliminar completamente a solução salina pode levar à sensação de entupimento nasal e dificuldade para respirar. Além disso, utilizar ingredientes inadequados na solução, como sal com iodo ou outros aditivos, pode desencadear reações alérgicas”, alerta Fascina.

Outro risco é o uso de dispositivos improvisados, não recomendados ou inadequados, que podem causar lesões físicas na cavidade nasal. O médico também chama a atenção para o perigo da introdução brusca ou errada dos mecanismos. Aplicar pressão excessiva ao usar seringas ou frascos irrigadores também pode danificar a mucosa nasal e os seios paranasais.

Existem contraindicações para a lavagem nasal?

Segundo o guia prático da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a lavagem nasal pode ser contraindicada em casos de suspeita de corpos estranhos nasais; para pacientes com disfagia e risco de aspiração, ou seja, que possuem dificuldade de engolir alimentos e líquidos; com fissura palatina; para crianças com defeitos da base do crânio e em casos de fraturas da face. Para alguns desses casos, é recomendado o exame do nariz para diagnóstico antes da indicação da higiene nasal.

Quais os principais cuidados durante o processo?

  • Água adequada: use sempre água destilada, esterilizada, fervida ou resfriada;
  • Solução correta: utilize solução salina com a concentração adequada de sal;
  • Higiene dos dispositivos: limpe e seque bem os instrumentos após cada uso;
  • Pressão controlada: não use pressão excessiva durante a aplicação.

A partir de qual idade é possível fazer a lavagem?

A lavagem nasal com solução de cloreto de sódio a 0,9%, conhecida como solução fisiológica, é um procedimento que pode ser realizado em pessoas de todas as idades, desde bebês recém-nascidos até adultos. O aspecto mais importante a ser considerado é o volume da solução utilizado, que deve ser adaptado de acordo com a idade.

Para bebês, por exemplo, recomenda-se um volume pequeno, entre 2 a 3 ml, que pode ser aplicado com o auxílio de um conta-gotas ou de forma suave com uma seringa sem agulha, como explica a especialista em otorrinolaringologia pediátrica, Renata Cantisani di Francesco, presidente do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da SBP.

Além disso, a atenção à posição durante a aplicação da solução em bebês e crianças pequenas deve ser redobrada. “A lavagem nasal não deve ser realizada com eles deitados de costas, para evitar qualquer risco de aspiração”, orienta a médica.

O que fazer quando a criança não aceita a lavagem nasal?

Ao realizar a lavagem nasal em crianças, o responsável deve escolher o método mais confortável. De acordo com Renata, o conforto da criança deve ser a prioridade, pois a aplicação forçada pode causar danos ao nariz ou empurrar secreções para o ouvido, aumentando o risco de complicações.

A médica também recomenta testar diferentes métodos para encontrar o mais adequado para as crianças. Contudo, se os riscos superarem os benefícios, a lavagem nasal não deve ser realizada.

Fascina reforça que forçar a irrigação em uma criança pode ser traumático e perigoso. “É importante tentar técnicas de distração e fazer a lavagem de forma lúdica. Se a criança resistir muito, consulte um pediatra para orientações específicas”, diz o médico.

A lavagem nasal pode causar efeitos colaterais?

O guia prático da SBP menciona possíveis efeitos adversos, sendo os mais comuns o desconforto local, como ardência, coceira e queimação, além de lacrimejamento, sangramento, dor de ouvido e dores de cabeça.

Entretanto, a frequência destes eventos esta mais associada à utilização de soluções hipertônicas, com concentração de sal mais alta, quando comparadas às isotônicas, de sal equivalente a do corpo humano.

Há perigo de o soro ir para o pulmão?

Os especialistas explicam que o risco do líquido ir para os pulmões é mínima se a lavagem for feita corretamente. Pacientes neurológicos, que podem não ter um reflexo de tosse eficaz, correm um risco maior nesse sentido, segundo a especialista da SBP.

Por outro lado, pessoas mais velhas e crianças maiores geralmente possuem reflexos de proteção, como a tosse, que previne a entrada de líquidos na área respiratória. “É essencial respeitar os volumes adequados para cada faixa etária, evitando volumes elevados, especialmente em bebês deitados, para minimizar os riscos”, explica a médica.

Ela também diz que a orientação de profissionais de saúde, como pediatras, otorrinolaringologistas e alergologistas, é de suma importância para garantir que os cuidados sejam realizados corretamente, sempre visando o conforto e a segurança da criança.

Fonte: Externa

Compartilhe esse artigo