As perspectivas do Brasil são promissoras em um cenário cada vez mais concreto de disputa geopolítica entre Estados Unidos e China, mas apenas no médio e longo prazo, avalia o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No curto prazo, o petista vê riscos de “solavancos” e afirmou ser necessário uma maior convergência entre as instituições brasileiras.
“Penso que tivemos bom 2023 nesse sentido, queria ter outro ano assim”, acrescentou, enumerando em seguida a lista de propostas aprovadas no Congresso, entre eles a reforma tributária.
Haddad também se queixou de que os países que disputam a hegemonia mundial, Estados Unidos e China, embora sejam os maiores parceiros do Brasil em termos de investimento e relações comerciais, subestimam o potencial de parceria com o Brasil. “Felizmente mantemos boas relações com dois países, mas creio que, apesar disso, não estamos no radar desses dois países como o Brasil pretende estar”.
“Em relação aos demais parceiros, o petista comentou sobre a dificuldade de organizar os países da América do Sul e afirmou que o acordo do Mercosul e a União Europeia “inspira muito cuidado”. “É um acordo que ainda beneficia Europa, mas ainda não foi fechado em função de questão interna da França. A política local francesa impediu que isso prosperasse sobretudo na parte agrícola”.
Provocado por uma observação do professor da Universidade da Columbia, Adam Tooze, com quem dividiu o painel, Haddad lembrou que Alemanha já foi um grande parceiro do país e que pode voltar em temas como energia verde. “Hoje é o país que, do meu ponto de vista, olha para América do Sul e em especial o Brasil com tipo de apetite que é benéfico para os dois lados.”