Após a derrota do Botafogo para o Junior Barranquilla-COL, pela Libertadores, John Textor reuniu a imprensa no Estádio Nilton Santos e deu uma longa declaração a respeito das denúncias que tem feito sobre manipulação de resultados no futebol brasileiro. O empresário norte-americano, proprietário da SAF alvinegra, explicou as evidências que apresentou à Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta quarta (3), fez críticas ao STJD e reforçou que não acusou clubes como Palmeiras e São Paulo. Veja.
John Textor assumiu o comando da SAF do Botafogo em 2022. Na última temporada, após o término do Campeonato Brasileiro, o dirigente denunciou a atuação da arbitragem e, baseado em relatório da Good Game!, publicou que o Palmeiras – que conquistou a Série A em 2023 – foi beneficiado. Nos últimos meses, Textor trouxe à tona denúncias de manipulação de resultados envolvendo jogadores, como divulgado pelo próprio empresário – relembre aqui. Leia, abaixo, a declaração na íntegra.
“A corte esportiva precisa respeitar a Justiça. Estou protegendo os direitos das partes acusadas em nossas evidências. Nossas evidências são robustas, são mais do que os relatórios que falamos sobre. Não coloco minha reputação na linha por besteira. A corte esportiva precisa levar a sério. Eles sabem que tento entregar as evidências há tempos. Tivemos uma ótima reunião com a Polícia hoje. É muito a ser entendido. Esse é o antigo jeito do futebol. A manipulação, a forma com que os jogadores são envolvidos, é um problema global.
O Brasil é um dos países que está fazendo algo a respeito. Tem um painel do Senado sobre isso. Há alguns senadores, que, de alguma forma, acham que estou errado em trazer isso ao público. Eles precisam ser responsáveis com as evidências a frente deles. O Brasil é um líder de novo, nós vamos chegar lá, mas precisamos limpar nossa casa.
Esse nível de manipulação de resultados, eu vi as evidências. Os computadores veem coisas que os olhos humanos não conseguem. É a evidência que estamos trazendo, não são apenas os relatórios da Good Game!. Eu posso dizer, todos têm problemas. Ninguém achava que o doping era um problema no ciclismo até que Lance Armstrong ser pego. Isso é um problema no futebol. Por favor, parem de atacar o gringo, de perseguir alguém que está tentando colocar em prática um projeto econômico, como os da SAF. Vamos liderar. O Brasil está fazendo algo a respeito, e a Europa pode seguir, mas, se ficarmos brigando internamente, é uma perda de tempo.
Não fiz acusações contra o Palmeiras. Não fiz acusações contra o São Paulo. O que fiz trazer evidências de jogadores envolvidos em manipulação de resultados. Eu não sei quem os envolveu nisso, não sei se é alguém em particular. Isso não é o meu trabalho, estou tentando e gerir um clube de futebol. Quando aconteceu ano passado, e devastou o campeonato, e quando soube que aconteceu no ano anterior (2022) e teve impacto em times diferentes, em comunidades diferentes, nada a ver a com o Botafogo, sim, vou fazer algo a respeito.
Sou a manifestação da SAF. Eu fui convidado aqui, por muitos de vocês. Se não esperam mudanças, não convidem que fez seu dineiro em uma companhia que se chama Evolution AI (Evolução Inteligência Artificial, em tradução literal). Se você não evoluir, você está extinto. Se não quer mudanças, não chame alguém como eu que olhe os detalhes de forma diferente. Eu não acredito em olhar para o outro lado enquanto em vim aqui para ajudar.
Olhem aquele vídeo vergonhoso, no qual estou chorando na frente de vocês e me perguntando porque estava aqui. Talvez essa seja a razão. Estou tentando ajudar. Leila, largue as armas. Você não sabe as evidências que entreguei. Julio (Casares), do São Paulo. Você é um amigo. Não pude falar com você sobre isso porque é da natureza das evidências. Eu ligo mais para a lei mais do que a corte esportiva, ao que parece.
Eles querem que eu entregue os nomes dos acusados. Essas pessoas têm direitos. Eu posso provar, 100%, que aconteceu. Essa tecnologia é um olho no céu que enxerga tudo. Milissegundos por milissegundo. Coisas que o olho humano não vê. Essa tecnologia ajuda a prender pessoas há mais de 10 anos. Seus clientes são as empresas de apostas, os maiores órgãos governamentais do futebol, eles são em tempo real, observam as coisas de formas que nós não imaginamos. Eu pude ver de não consigo não ver mais.
Não é sobre mim. Por favor, parem de me atacar. Estou tentando gerir um clube de futebol. Posso prometer a todos que o único vilão é, quem quer que seja, que está pagando essas pessoas a fazerem isso. Não é um clube em particular. Posso dizer, matematicamente, que, sim, beneficiou o Palmeiras baseado no que vi. Eu tenho uma visão limitada, eu não investiguei. O que vi é uma concentração, que mudou o último campeonato, mas pode ir para outro lugar por diferentes razões.
A tecnologia diz o que aconteceu, não porque aconteceu. Deixem eu entregar isso aos investigadores, me deixem respeitar a Justiça, os direitos constitucionais dos acusados, pois nós não sabemos de tudo. As evidências são robustas e com credibilidade, em linha com as principais organizações do esporte. Na Europa, aqui, no Brasil, essa tecnologia tem credibilidade. O olho no céu vê tudo. Se você é um árbitro, um dos poucos que está envolvido, e temos nossas ideias, se você é um jogador que está envolvido, e temos provas, se você é alguém que está pensando em fazer isso, existe uma máquina que está assistindo a cada milissegundo de seu comportamento e, no momento que você sai da linha, de forma intencional, você será visto. É para isso que estamos caminhando.
Não fiz acusações contra ninguém. Leiam os meus posicionamentos. Só pedi por investigações e foram negadas. Agora, vejo todo na imprensa dizendo: “Tirem esse cara daqui. Ele faz muitas perguntas. Ele não tem evidências”. Eu não tenho que ter, não sou o investigador, mas sei o que aconteceu, milissegundo por milissegundo, no campo no último ano. É a última coisa que quero falar sobre isso. Espero que não seja obrigado a dizer mais. Vou continuar fornecendo evidências, com credibilidade, aceitas no mundo todo. Esse jogo pode ser limpo, e isso pode começar no Brasil. Hoje foi um ótimo dia. Encontrei um investigador e uma polícia que estavam dispostos a ouvir. A corte esportiva deveria estar disposta a ouvir. Foram entregues as evidências, com os nomes dos jogadores velados. Esses homens nem sabem que está vindo. Aliás, se você é culpado, nem queremos que saibam. A investigação é mais forte quando não dizemos que está indo. Portanto, parem de pedir evidências que vocês não têm direito de ter agora.”
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