Desigualdade de gênero é obstáculo a avanço do PIB, alertam especialistas | G20 no Brasil

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por O Diretório
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A desigualdade de gênero é um freio ao avanço do Produto Interno Bruto (PIB) dos países, e deve ser entendida como um obstáculo ao desenvolvimento econômico e social das nações – e não apenas um problema social.

Observações sobre o tema foram feitas por ambas durante a live “Empoderamento de Mulheres: por que a questão de gênero é crucial ao desenvolvimento | G20 no Brasil, realizada nesta quarta-feira (27).

O B20, grupo do qual Bellizia faz parte, é o Business 20, que liga empresários à representantes dos governos do G20. O grupo envolve cerca de 900 representantes empresariais e visa propor recomendações de políticas elaboradas por diferentes forças-tarefa. Já o W20 é um dos grupos de engajamento do G20, composto por mulheres de setores da academia, do empreendedorismo e da sociedade civil.

“Existem diversas pesquisas que apontam números, entregas de resultados positivos quando você tem times diversos nas companhias”, ponderou Bellizia. “E [combate à desigualdade de gênero tem] impacto direto no PIB”, acrescentou a executiva.

Como exemplo, ela citou durante a live dados do 10º relatório anual do Banco Mundial sobre Mulheres, Empresas e Direito. Nele, os pesquisadores do banco calculam que o PIB global poderia aumentar em mais de 20% caso existissem políticas públicas que removessem as dificuldades impostas às mulheres no mercado de trabalho.

Gama concordou e vai além. A consultora notou que a desigualdade de gênero é estrutural, o que torna mais difícil seu combate, visto que os parâmetros desiguais já estão definidos na estrutura da sociedade. “Nossa sociedade, ela fomenta o desenvolvimento de forma diferenciada para homens e mulheres. Chegamos nesse mundo e ele já está assim” afirmou.

No entendimento da co-head do W20, se um integrante da sociedade percebe essa desigualdade de gênero, e não faz nada para mudar esse cenário, “estamos contribuindo para que continue”.

Nesse sentido, tanto Bellizia quanto Gama detalharam os trabalhos de suas organizações, no combate à desigualdade de gênero, inseridos dentro da reunião do G-20, cujo encontro ocorre em novembro, no Rio de Janeiro.

“Estamos trabalhando juntos e vamos trabalhar ainda mais, os dois grupos [B20 e W20]” disse Bellizia. “Do ponto de vista do B20, temos um grupo composto com oito forças tarefas” disse.

Bellizia acrescentou que existe, no âmbito do grupo, um conselho de ação de mulheres e negócios, diversidade e inclusão. “A diferença dele de uma força tarefa é que ele passa uma mensagem específica de foco. É o primeiro G20 que temos dentro do B20 um grupo com olhar específico de inclusão de mulheres em negócios”, afirmou.

“Nosso objetivo é entregar recomendações acionáveis, concretas, que consigamos implementar, mensurar para que cheguemos ao desenvolvimento econômico e social das mulheres”, resumiu. “Não é um trabalho de curto prazo” admitiu. “É um desafio importante mas alcançável” disse, a acrescentar que as primeiras recomendações, do grupo ao G20 e ao governo brasileiro devem ser feitas em agosto.

— Foto: Unsplash

Já a co-head do W20 detalhou que o grupo conta com nove delegadas. “É um grupo de engajamento formado por mulheres diversas” disse. Há integrantes da Academia, da área de finanças, tecnologia, entre outros campos, exemplificou.

“Contamos ainda com um conselho de mulheres muito poderoso”, disse ainda, a citar nomes de mulheres especialistas, em seu campo de expertise ou em política pública, como a filósofa e escritora Sueli Carneiro, filósofa e escritora; a socióloga Neca Setubal, e a empresária Luiza HelenaTrajano. “São mulheres que consideramos fundamentais para nos aconselhar nessa jornada”, disse.

Gama comentou que, após a formação de delegadas, o grupo foi dividido em cinco grupos de trabalho. Cada um deles debate uma questão diferente, a saber: violência de gênero, justiça climática, mulheres e empreendedorismo, economia do cuidado e mulheres e tecnologia. “A ideia é transformar nossas discussões em recomendações”, afirmou.

Durante a live, as duas foram unânimes em destacar a questão econômica como fundamental para se entender a manutenção da desigualdade de gênero, até hoje. Elas lembram que, até hoje, as mulheres ganham menos do que os homens, mesmo as mais escolarizadas. E quando se combina a questão de gênero com a questão de raça, o quadro é ainda mais preocupante, notaram elas.

“A cada 100 homens promovidos são promovidas 90 mulheres e, a cada 100 homens promovidos, 50 mulheres negras são promovidas”, disse Bellizia, a citar estudo recente da Mckinsey & Company Consultoria, sobre o tema. “É preciso mexer nesses ponteiros, que não estão equilibrados”, completou.

Gama concordou. A especialista disse também esperar que, dentre as recomendações efetivas que os dois grupos apresentarem, esteja maior valorização de debates sobre interseccionalidade, no âmbito dos encontros do G20. Esse é o estudo de sobreposição ou intersecção de identidades sociais e sistemas relacionados de opressão, dominação ou discriminação. Esse tema, ressaltou, perpassa não somente em estimular o combate à desigualdade de gênero, como também à desigualdade racial. “Queremos deixar esse legado para as próximas edições do G20, na África do Sul e nos Estados Unidos” afirmou.

A mediação da Live foi feita por Lucianne Carneiro, jornalista do Valor Econômico no Rio de Janeiro. O projeto G20 no Brasil tem o Governo do Estado do Rio de Janeiro como Estado anfitrião, Rio capital do G20 como cidade anfitriã, patrocínio de JBS e realização dos jornais Valor Econômico, “O Globo” e rádio CBN.

Fonte: Externa

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