Ao anunciar a conclusão do caso, ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que o caso pode se desdobrar em outras investigações. Nas suas primeiras páginas, o relatório da PF aponta a reincidência das omissões da Polícia Civil do Rio, do Ministério Público estadual e do Judiciário ao longo da investigação dos assassinatos na favela Nova Brasília, no Rio, que levaram à condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos em 2017.
O texto diz ainda que a sabotagem para o esclarecimento do crime se iniciou nas horas que se seguiram, quando se perderam evidências para sua resolução, como as imagens dos circuitos internos de televisão dos imóveis vizinhos ao local do assassinato.
A amplitude do alicerce que o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Domingos Brazão, tem nos poderes da República ficou clara quando da nomeação do superintendente da Polícia Federal no Rio, Leandro Almada, em fevereiro do ano passado. A nomeação respondeu ao compromisso do governo em esclarecer o crime, postergado em um ano em função da prioridade dada pelo MJ à investigação do 8/1.
O que estava, e agora, mais do que nunca, está em jogo, são os vínculos estabelecidos pela família Brazão que garantiram a sobrevivência – e a ampliação – de seu poder na política fluminense.
A atitude do União Brasil, que abriu processo disciplinar para expulsar Chiquinho Brazão, resume a reação reinante na política. Não era para ter chegado neles, mas, agora que chegou, que sejam punidos e o caso seja encerrado para que as máquinas de votos no Estado continuem a ser garantidas pelas milícias e pelo tráfico e por seu comando sobre a economia clandestina no Rio, do “gatonet” à regularização fundiária na cidade, passando pelo tráfico de drogas, que já domina 60% da população da cidade e 75% do seu território.